Depois do rompimento do governo com o PDT, motivado pela aproximação do presidente estadual do partido, o deputado federal Félix Mendonça Jr., com o prefeito ACM Neto (DEM), a ala governista da legenda tenta assumir o controle da agremiação no Estado. De acordo com uma fonte do partido, pelo menos 11 dos 15 membros da executiva estadual da legenda teriam assinado um documento endereçado ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, pedindo o afastamento de Félix da presidência.
No documento, eles solicitam que o presidente nacional nomeie provisoriamente o ex-deputado estadual Roberto Carlos para o lugar do deputado federal. Roberto Carlos se encarregaria de conduzir as eleições pela renovação da direção do PDT na Bahia, as quais o deputado estadual Marcelo Nilo, presidente da Assembleia Legislativa do Estado, já se comprometeu a disputar com Félix com a garantia de que permanece no partido mesmo que seja derrotado.
Em articulação direta com o governo estadual, o qual influenciou bastante na decisão de exigir de Félix Jr. exclusividade no apoio ao governador Rui Costa (PT), o que acabou resultando no rompimento dos dois, Nilo trabalha, sob sigilo, pela recriação na Bahia do PL em linha direta com o ex-governador de São Paulo, Gilberto Kassab, hoje no PSD. Tem acenado, no entanto, com a possibilidade de permanecer no PDT, caso Félix seja afastado do comando da agremiação.
Depois que o afastamento do governo em relação ao PDT foi oficializado, com a demissão da secretária de Agricultura, Fernannda Mendonça, prima de Félix, Nilo rapidamente articulou uma manifestação de toda a bancada estadual pedetista em apoio a Rui Costa, isolando o presidente na legenda, e, na sequência, indicando um dos deputados estaduais, Paulo Câmara, para substituí-la. O documento dirigido a Lupi, conta um dos parlamentares, seria o golpe de misericórdia em Félix.
“A saída do governo nos deixou a todos inseguros. O partido é essencialmente governista. Além disso, com o apoio de Nilo, conseguiu rapidamente substituir a secretária com um dos nossos, além de fazer a Juceb e a CBPM. Há uma rebelião com relação à permanência de Félix na presidência, porque nós não queremos problemas com o governo”, disse o mesmo deputado. A contragosto, ele admitiu que a articulação política do governo trabalha também para enfraquecer o presidente estadual do PDT.
Segundo o parlamentar, previamente acordado com Rui Costa, o deputado Marcelo Nilo teria garantido a Lupi que, se Félix deixar a presidência do partido, o partido não ficará sem um deputado federal, mas ganhará outros três. Os novos nomes para integrar a legenda seriam escolhidos em conjunto pelo presidente da Assembleia com a articulação política do governo. Por causa de seu voto em Brasília, um deputado federal vale mais para Lupi do que toda a bancada estadual. Extraído na íntegra do Política Livre.