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Salvador: Dia de Iemanjá leva turistas e fiéis à praia do Rio Vermelho

yemanjá
| FOTO: Valter Pontes/Agecom |

O mês de fevereiro teve um início bem atrativo, e com total foco na devoção religiosa, para a boêmia região do Rio Vermelho. Na manhã de ontem, milhares de fiéis já se concentravam em frente à Casa do Peso, para levar oferendas à Iemanjá. Celebração que marca o fim do ciclo de festas religiosas do calendário baiano, o culto à deusa do mar, teve início já na véspera do festejo, quando muitos devotos já se aglomeravam na sede da Colônia de Pesca Z1, para agradecer e fazer mais pedidos à entidade das águas. E, como pioneiros da celebração de quase cem anos, diversos pescadores também marcavam presença, acompanhando o movimento dos visitantes, fazendo suas oferendas, ou mesmo trabalhando em sua atividade com o uso de redes e varas, para apalpar os frutos do mar. Ocupado com a captura e o comércio dos peixes há mais de 50 anos, o pescador Gilson Alves é um dos mais antigos devotos da Mãe das Águas, entre seus colegas.

Sua fé na deusa percorreu todos os anos de atividade pesqueira, mas, um episódio em especial marca a vida deste pescador. Há quase 40 anos, Seu Gilson pegou um temporal intenso enquanto navegava próximo ao Morro de São Paulo, com um mar agitado, pouca visibilidade, e direção incerta, o desespero tomou conta dos companheiros. “Sem alternativas, me apeguei a Iemanjá, depositando toda esperança que tinha nela. Pensei na minha mulher e nos meus três filhos. Após seis horas de temporal, conseguimos avistar o Farol da Barra, e tivemos certeza que as preces foram atendidas”, relatou ele, que, até hoje, se arrepia ao contar cada detalhe da aventura.

Porém, a festa cresceu muito após aquele tempo, de modo que, em anos recentes, ela atrai fiéis de todas as crenças e lugares. Os três balaios que eram levados ao mar naquela época, hoje chegam a 500 barcos em miniatura que carregam uma grande quantidade de presentes para o orixá. Mas as flores continuam sendo a oferenda principal. Na fila para entrar na Casa do Peso, fiéis, como Miriam Alves, aguardavam ansiosamente a vez para depositar rosas azuis e amarelas na sede da Colônia de Pesca.

“Em mais de vinte anos que faço minhas orações e agradeço, tendo as minhas preces sempre atendidas”, explicou Miriam, afirmando ter conseguido vitórias como a recente aposentadoria graças aos poderes da deusa do mar. Outro fator que leva à antiga devoção é a sua mãe, que nasceu no dia 2 de fevereiro. Para ela, as conquistas proporcionadas pela fé da matriarca sempre foram um exemplo de humildade e esperança.

OFERENDAS
Não é apenas flores que a vaidosa Mãe das Águas aceita. Sua lista de presentes inclui artefatos como velas, pentes, espelhos, e perfumes. Porém, para os comerciantes que se concentram nas vias do Rio Vermelho, ofertando esses itens que fazem a alegria de Iemanjá, não há muito tempo disponível para celebrar. Em contrapartida, é possível fazer um bom lucro financeiro, nesses dois primeiros dias de fevereiro, por conta da devoção em massa.

Ângela Guedes já vende rosas na localidade da festa há 25 anos. São aproximadamente quatro mil flores, em cada edição do festejo, que ela comercializa para os fiéis, lhe dando uma graciosa renda extra, já que a rosa pode ser adquirida por R$ 3, ou uma promoção de duas por R$ 5. “As flores brancas e azuis são as mais vendidas, porém as rosas, as amarelas também têm muito apreço dos fiéis”, comentou. A cor branca venera o orixá Oxalá – que no sincretismo religioso, é Jesus Cristo –, enquanto que a flor azul representa a Rainha do Mar nos atos religiosos.

TRÂNSITO
No intuito de oferecer maior comodidade aos milhares de participantes da Festa de Iemanjá, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) fará o ordenamento do tráfego de veículos na região do Rio Vermelho, entre 4h desta segunda (2), até as 6h da terça-feira (3), com interdição e proibição de estacionamento de veículos em algumas vias do entorno da festa, assim como a utilização de trios elétricos no local. Os agentes do órgão vão estar presentes no local para orientar os motoristas sobre opções de tráfego. Matéria de Matheus Forte, do jornal Tribuna da Bahia.

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