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Entrevista: Uma conversa intimista e reveladora com Doutor Pitágoras

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Doutor Pitágoras durante entrevista para o jornal Folha do Recôncavo | FOTO: Vinícius Lisboa/Folha do Recôncavo |

Depois de um fim de semana de plantões, em três hospitais, chega em casa e vai para a academia cuidar do corpo, descansa por algumas horas, toma um banho revigorante e senta-se à mesa do café, com o cabelo molhado, para um papo descontraído e revelador. Pitágoras Alves da Silva Ibiapina nasceu em Candeias, na Clínica Maria Albano, no ano de 1979. Casado, pai de um menino de 8 anos, aguardando ansioso a chegada de mais um herdeiro ou herdeira. Filho do meio de Marilene Alves da Silva e Carlos Antônio Ibiapina, Pitágoras tem dois irmão do casal e mais dois por parte de pai. Fez o ensino básico em Candeias, morou na Rua da Igreja, onde teve uma infância alegre e sadia. Recorda, com sorriso nos olhos, que além de gostar de tomar banho de chuva, o que gosta até hoje, também gostava muito de jogar bola e brincar de pique-esconde.

Com uma relação de companheirismo com a família, é tido como uma espécie de conselheiro. “Sempre me procuram para ajudá-los a tomar decisões, seja em relação à saúde, viajem, sou sempre solicito”, diz Pitágoras. Foi criado nos moldes do catolicismo – fez catecismo, primeira comunhão e fez parte de grupos jovens. “Eu ajudei a fundar o primeiro grupo de resgate aos jovens de candeias, da igreja católica, o Segue-me, fui o primeiro líder jovem do movimento”, pontua Ibiapina. Hoje é evangélico e frequenta a Igreja Batista Jerusalém, porém, não perdeu o vínculo com a Igreja Católica. A sua solidariedade não tem distinção de credo, raça e nem de religião.

Saúde em movimento
Como ser humano sabe que não pode se descuidar da saúde, por isso procura ter uma alimentação saudável e nutritiva. A educação alimentar ensinada pela mãe, que sempre inseriu folhas e frutas no cardápio dos filhos, o ajudou a ter uma boa alimentação que se estende até os dias atuais. “Troco qualquer comida por um prato sortido de salada”, completa o médico. Além da alimentação saudável, não dispensa os exercícios físicos, pois compreende a importância do mesmo para o corpo. Acordar cedo para ele é rotina e o exercício físico a primeira atividade do dia. Karatê, natação e musculação são as atividades escolhidas para manter o corpo e a saúde em ordem.

O médico compreende a importância de fazer um bom check-up, sendo assim, consulta sempre que necessário, os colegas de profissão para saber como está asaúde. Ressalta também a necessidade de cuidar da saúde espiritual, pois a vida não é só corpo. É na Igreja Batista Jerusalém que reafirma o seu compromisso com Deus. “Tem que ter corpo e mente saudável”, acrescenta.

Um médico predestinado
Por coincidência do destino, nasceu no dia do médico. Não se sabe se ele escolheu ser médico, ou se foi escolhido pela medicina. “Meu pai falava que desde pequeno gostava de cortar as suas unhas e dar injeção na laranja dizendo que era médico”, lembra o jovem. Ingressou na faculdade de medicina em 1999, na Bolívia e lá descobriu que o dia do médico era comemorado em 18 de outubro, data do seu nascimento. Fez residência em Medicina do trabalho, porém não atua na área, pois o que te dar prazer é trabalhar em emergência hospitalar, uma área muitas vezes cansativa, onde se vivencia ao mesmo tempo, o prazer de salvar vidas e o sofrimento de perdê-las.

De 2004 até o final de 2012 trabalhou no Posto Médico Luís Viana Filho, onde sentiu na pele a falta de políticas públicas em Candeias. O médico relata, com semblante triste, que os pacientes diziam que não tomariam o remédio por não ter no posto. “Eu dava uma guia de consulta ou exame e eles diziam que em candeias não fazia o exame ou não tinha o especialista”, desabafa.

Com plantão em quatro hospitais segue dando a sua contribuição para amenizar o sofrimento do ser humano. Hospital do Subúrbio, Roberto Santos, HGE e Posto de Saúde em Lauro de Freitas, são esses os locais que contam com os dotes médicos de Pitagoras. Plantões puxados, gratificante e nem um pouco diferente do primeiro fim de semana de março onde o trabalho começou na sexta à noite e só terminou na manhã de segunda.

A missão de fazer o bem
Há oito anos presta serviços sociais aos cidadãos candeienses. Trabalhar no Posto Médico local o fez vivenciar a problemática da saúde no município e dar sua contribuição para aliviar o sofrimento dessas pessoas, seja em trabalho voluntário ou na luta pela criação e execução de politicas publicas.

Durante entrevista, o médico falou da vida política e das dificuldades no setor | FOTO: Vinícius Lisboa/Folha do Recôncavo |

A quarta-feira é toda dedicada ao trabalho social. Em um consultório simples, instalado em sua casa, atende as pessoas das 7h às 11h. “Sempre sonhei e disse que depois de formado eu iria contribuir, com um dia da semana para atender gratuitamente as pessoas carentes”, revela Pitágoras. À tarde o cenário das consultas muda. O médico e sua equipe seguem, para um distrito de Candeias, pré-definido e divulgado nas redes sociais, para concluir a segunda etapa voluntária do dia. “Pela tarde, a partir de 14h a consulta é feita em associações, igrejas, lugares acertados com o líder da comunidade”, diz o médico.

É chegada a noite, a terceira e ultima etapa voluntária do dia, a hora do sopão, ele lembra que a sua esposa, Soraia Cabral, costuma falar que quando ele está distribuindo o sopão, revigora toda energia. “Mesmo Candeias arrecadando 25 milhões por mês, ainda existem pessoas carentes precisando de um prato de sopa”, lamenta Pitágoras.

A difícil tarefa de legislar
Doutor Pitágoras Ibiapina (PP), com 1.598 votos, foi o vereador mais votado de Candeias. A injustiça social, vivenciada no período em que trabalhou no Posto Luís Viana Filho, foi o motivo pelo qual ingressou na politica. Ele percebeu que não bastava prescrever remédios, tinha que cuidar das politicas sócias para que os cidadãos fossem contemplados em sua maioria. “Ser politico para mim é cuidar da população, receber os anseios da sociedade independente da bandeira partidária”, explica Ibiapina.

A função de um legislador é ajudar o prefeito, por conta disso, deu um voto de confiança ao prefeito, mesmo não fazendo parte da base aliada, contudo o voto durou apenas três meses. O vereador esclarece que quando viu que a politica do atual prefeito não beirava a seriedade, se desvinculou da base e foi para oposição, porém uma oposição sensata. Lembra, que no inicio do mandato, em 2013, a oposição deu quórum para criação da Secretaria de Meio Ambiente, pois alguns vereadores da base faltaram.

Com orgulho Pitágoras cita algumas ações, tais quais convocação do sindicato dos comerciários da cidade, para ter ciência do novo código tributário; convite aos estudantes para lutar contra a diminuição do número de transporte escolar; proposta de calçamento de rua, saneamento básico, construção de um hospital regional; plano de saúde para servidores público, dentre outros. Comenta com entusiasmo sobre a participação da população nos trabalhos da Câmara, apesar da falta de pontualidade das sessões por conta do atraso de alguns edis.

Eleições 2016 a vista
Ao ser indagado se continuaria no legislativo ou tentaria uma vaga para o executivo, calou-se por alguns segundos e afirmou que seria um orgulho para qualquer cidadão candeiense ser gestor da sua cidade. Ele explica que o gestor tem que fazer as coisas acontecerem e comenta que devido a sua formação, a todo tempo esta diante de problemas. “as pessoas trazem problemas e querem solução, sou pragmático, de ver as pessoas com problemas e dar solução”, ressalta.

O político não esconde a vontade de ser o gestor da sua cidade, pois ver neste cargo a chance de solucionar problemas e melhorar a qualidade de vida da população. Perguntado se faria dobradinha com algum candidato é taxativo em responder que Candeias vive o novo, que as pessoas carecem de novos lideres, políticos sem vícios, com uma nova forma de fazer politica e não a politica do coronelismo, nem do assistencialismo. “Eu acho que o novo pode mudar a realidade da nossa cidade. Nós estamos em uma região onde todas as cidades cresceram e Candeias, que foi o grande expoente da região, regrediu, Candeias precisa de um representante que dê exemplos”, finaliza Pitágoras Ibiapina.

Entrevista da jornalista Edcarla Teles, do jornal Folha do Recôncavo.

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