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Salvador: DHPP indicia 11 policiais pela morte de Geovane Mascarenhas

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Secretaria de Segurança concede entrevista coletiva sobre o caso Geovane | FOTO: Ibsen Santos |

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) indiciou 11 policiais militares da Rondesp/BTS, todos envolvidos na morte de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos, desaparecido depois de uma abordagem policial, na Rua Nilo Peçanha, em 2 de agosto de 2014, na capital Salvador. A decisão consta do inquérito de 89 páginas encaminhado ao Ministério Público pelo delegado Jorge Figueiredo, que coordenou as investigações.

O subtenente PM Claudio Bonfim Borges, os sargentos PMs Gilson Santos Dias e Daniel Pereira de Souza Santos e os soldados PMs Jesimiel da Silva Resende, Jailson Gomes Oliveira, Claudio Cezar Souza Nobre, Fábio Sodré Lima Masavit Cardozo, Jocenilton dos Santos Ferreira, Roberto Santos Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano vão responder pelos crimes de sequestro, roubo, tortura, homicídio qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.

“Provas periciais e testemunhais substanciaram a investigação que culminou com a identificação de todos os envolvidos no crime”, salientou Jorge Figueiredo, que esteve à frente das investigações desde o início, há oito meses. Imagens da câmera de segurança de um imóvel residencial, na Rua Nilo Peçanha, mostram o momento em que Geovane é abordado pelo subtenente Claudio e pelos soldados Jesimiel e Jailson, que estavam na viatura de prefixo 2.2211, da Rondesp/BTS. O corpo dele foi localizado no dia seguinte.

Durante interrogatório, os policiais afirmaram ter conduzido Geovane no interior da viatura até a Rua Luiz Maria, onde uma vítima de roubo deveria reconhecê-lo como um dos assaltantes. A mulher não apontou Geovane como autor do roubo e o trio de policiais alegou tê-lo liberado, na presença da vítima, fato negado por ela em depoimento prestado no DHPP. Os três afirmaram não conhecer Geovane, mas as investigações revelaram que ele frequentava a casa da ex-mulher, com quem tinha uma filha, na mesma rua onde o soldado Jesimiel reside.

GPS danificado
Segundo Jorge Figueiredo, foram solicitadas as informações registradas pelo GPS instalado na viatura, bem como, os dados de todas as viaturas empregadas nas escalas de serviços dos dias 2 e 3 de agosto de 2014, além dos nomes de todos os policiais militares que trabalharam nos dois dias. A partir daí, foi possível identificar a participação dos outros policiais no crime.

Perícia realizada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), porém, identificou que a fiação do aparelho GPS da viatura comandada pelo subtenente Claudio havia sido danificada. Com isso, só seria possível verificar o percurso realizado pelo veículo por meio das coordenadas registradas pelo GPS do rádio HT – de comunicação entre viaturas policiais e a Central de Polícia – que não sofrera nenhum tipo de dano.

Com a análise das coordenadas obtidas no equipamento, portanto, foi possível determinar que a guarnição do subtenente Cláudio encontrou-se com a guarnição formada pelo sargento Gilson e pelos soldados Claudio Cezar, Fábio e Jocenilton, todos a bordo da viatura de prefixo 2.2203, na Rua Luiz Maria, entre as 17h21 e 17h35.

Contradições
Inicialmente, Gilson, Claudio Cézar, Fábio e Jocenilton afirmaram não terem tido nenhum contato com a primeira guarnição, mas voltaram atrás em nova declaração feita um mês depois. Neste segundo depoimento, eles informaram ter encontrado rapidamente os colegas, apenas para informar ao subtenente a liberação de um deles, que sairia mais cedo do trabalho.

O GPS das viaturas também registrou o deslocamento das duas guarnições de volta à base da Rondesp/BTS, com sete minutos de diferença. No plantão seguinte, que teve início às 19h, o subtenente Claudio assumiu o comando da guarnição formada pelos soldados Roberto e Alan, a bordo da viatura 2.2204. Já Jesimiel passou a trabalhar na viatura de prefixo R-10, com o sargento Daniel e o soldado Alex.

O relatório do GPS das viaturas 2.2204 e R-10 comprovaram que os veículos estiveram na Travessa São Rafael, próximo ao Parque de São Bartolomeu, e no Parque Tecal, no bairro de Campinas de Pirajá, locais onde os restos mortais de Giovane foram deixados, entre 21h e 22h, na mesma noite em que ele desapareceu, após a abordagem.

Um relatório de serviço, que descreve as atividades desenvolvidas pelas guarnições durante os plantões, assinado pelo subtenente Claudio, entre as 19h do dia 2 e as 2h do dia 3, registra rotas totalmente distintas das obtidas pelo GPS. Em nenhum momento é citada a mudança de rota das guarnições, que afirmaram ter trafegado apenas em localidades na região da Liberdade, IAPI e Pau Miúdo.

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