Ícone do site Jornal da Chapada

Maconha vicia menos que álcool e nicotina, mostra revisão de estudos feitos nos últimos 20 anos

maconha
Trabalho foi compilado por Wayne Hall, conselheiro da Organização Mundial de Saúde | FOTO: Reprodução |

Uma revisão feita pelo professor da King’s College London Wayne Hall, conselheiro sobre vício da Organização Mundial da Saúde (OMS), analisou os estudos sobre maconha desde 1993 e mostrou que o cannabis vicia significativamente menos do que o álcool e a nicotina. Apesar disso, dados mostram o perigo de, por exemplo, dirigir sob o efeito da droga e o risco para o desenvolvimento do feto no caso de grávidas que fumam a erva. O trabalho foi publicado na revista científica “Addiction”. “Conduzi uma revisão sistemática da literatura, pesquisando maiores estudos sobre os efeitos colaterais do cannabis publicados entre 1993 e 2013. Na bibliografia, há 165 artigos”, contou Hall e complementou sempre ter tido interesse pelo assunto.

Entre os resultados, está o risco de que um em cada dez usuários contumazes fique dependente – e aumenta para um em cada seis, no caso de pessoas que fumam grandes quantidades desde a adolescência. Esses números contrastam com outros revelados na mesma compilação de estudos: 32% de risco de vício para usuários de nicotina; 23%, para heroína; 17%, para cocaína; 15%, para o álcool. Além disso, o uso frequente do cannabis não produz overdoses fatais. Quanto ao risco de acidentes de trânsito, o resultado sugere que há duas vezes mais chances de que ocorram se o motorista estiver sob o efeito da maconha. Porém, o professor Hall destacou que, em muitos casos, os envolvidos nos episódios também haviam ingerido álcool, o que torna mais difícil saber que substância teria contribuído mais diretamente.

Quanto aos sintomas e transtornos psicóticos, aqueles que fumam regularmente dobram os riscos de eles surgirem, especialmente se esses usuários têm um histórico pessoal ou familiar de doenças psicóticas e se começarem a usar cannabis na pré-adolescência. Contudo, o professor Hall afirma que alguns autores dos estudos envolvidos na revisão admitem não poder ter estabelecido uma relação de causa e efeito no tema. Por esse mesmo motivo, embora se tenha observado que adolescentes que usam maconha tenham piores resultados acadêmicos e mais chances de consumir outras drogas ilegais, não se pode afirmar que os efeitos negativos sejam diretamente associados à erva.

“O cannabis foi popularizado na cultura jovem em diversas sociedades diferentes desde que o uso começou a ficar popular nos Estados Unidos no final dos anos 60”, explicou o professor. “Com o crescimento do consumo, o mercado de cannabis cresceu também. Isso significou que os jovens têm mais chance de usar a droga enquanto são mais novos”. Outro fator que Hall observa como uma provável motivação para o aumento do uso de maconha é a percepção de que o cannabis é uma droga com poucos riscos para a saúde. Matéria extraída na íntegra do jornal O Globo.

Sair da versão mobile
Pular para a barra de ferramentas