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Salvador: Promotor diz que mortes no Cabula foram execução por vingança

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Promotores de Justiça falaram sobre denúncias e provas que têm contra PMs suspeitos de envolvimento em mortes no Cabula | FOTO: Maiana Belo/G1 Bahia |

Durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (18), na sede do Ministério Público (MP-BA), no centro Administrativo da Bahia (CAB), o promotor de Justiça Davi Gallo disse que o MP-BA possui provas de que a ação da Polícia Militar que resultou em 12 mortes no bairro do Cabula, em Salvador, no dia 6 de fevereiro, foi uma execução sumária motivada por vingança. “O Ministério Público tem certeza que foi uma execução. Diante de toda a prova acareada aos autos, sobretudo a prova pericial dá conta de que, naquele dia, houve uma execução de vários seres humanos na qual resultou na morte de 12 pessoas e ferimento de mais seis”, afirma Gallo.

“Os laudos de exame cadavérico descrevem as trajetórias das balas, o exame de balística, local do crime, trajetória de automóvel. Ou seja, o conjunto probatório de toda a prova pericial, aliada aos depoimentos de vítimas sobreviventes e de algumas testemunhas que nós ouvimos, mostram que foi execução”, explicou. Os PMs devem responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e concurso de pessoas, que é a infração penal cometida por mais de uma pessoa. Ainda segundo o promotor, o crime foi motivado por uma ação da PM que resultou em um tenente ferido no pé.

“Dez dias antes da situação, houve uma operação policial mal sucedida que envolveu três dos suspeitos que estavam na mesma situação lá do Cabula. Como o tenente tomou um tiro no pé, esse fato desencadeou toda a ação”, relatou Gallo. “Na hora em que muitas da vítimas receberam os tiros, elas estavam em uma posição inferior ao que o executor estava, ao deflagrar os disparos, que foram de cima para baixo a grande maioria deles”, concluiu o promotor de Justiça. Gallo também disse que a ação não foi realizada pela instituição, mas por alguns policiais como uma forma de acerto de contas. Segundo ele, participaram da ação um subtenente, um sargento e sete soldados.

Ainda segundo o promotor de Justiça, testemunhas informaram que cerca de 500 tiros foram disparados pelos PMs. E depois ocorreram tiros espaçados. “Davam três ou quatro tiros e paravam. Depois mais três ou quatro tiros e paravam novamente”. Na coletiva, o MP-BA ainda informou que recebeu o inquérito interno da Polícia Militar na última quinta-feira (14), e que a corporação concluiu pelo não indiciamento dos PMs, alegando não haver evidências da participação deles na ação.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública de Bahia (SSP-BA) informou que o inquérito do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sobre a ação dos PMs deve ser concluído até o dia 29 de maio, de acordo com prazo estipulado pelo Poder Judiciário. A primeira etapa da reconstituição do fato foi realizada na última sexta-feira (15), quando peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) entrevistaram, individualmente, os policiais e outras pessoas envolvidas no episódio.

Os nove policiais suspeitos de envolvimento na ação foram denunciados pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), na manhã desta segunda. Os promotores de Justiça Davi Gallo, José Emmanoel Lemos, Cassio Marcelo de Melo e Ramires Tyrone, autores da denúncia, também fizeram pedido de prisão preventiva dos envolvidos. Através de nota divulgada na noite desta segunda, a Anistia Internacional pediu às autoridades competentes que o caso seja levado a julgamento o mais rápido possível e que seja garantida a proteção das testemunhas, familiares e moradores do Cabula que têm sido vítimas de constantes ameaças e intimidações, bem como pela garantia de assistência e apoio às famílias das vítimas. Matéria extraída na íntegra do Portal G1.

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