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Machistas não passarão: Redação do Enem sobre violência contra a mulher gera polêmica nas redes sociais

Pedido deve ser apresentado na instituição de educação superior na qual o estudante está matriculado | FOTO: Divulgação |

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A questão citando Simone de Beauvoir foi uma das mais mencionadas nas redes sociais | FOTO: Reprodução |

Os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marcos Feliciano (PSC-SP) usaram as redes sociais neste fim de semana para acusar o Exame Nacional do Ensino Médio de doutrinação. O motivo da reclamação foi uma questão da prova de ciências humanas, que abordou a célebre frase “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir. A questão abordava o tema das lutas feministas no início do século XX.

A questão citando Simone de Beauvoir foi uma das mais mencionadas nas redes sociais depois do primeiro dia de provas do Enem. No domingo (25), porém, as questões de gêneros voltaram aos cadernos de prova do exame. O tema da redação do Enem 2015 foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. O tema gerou polêmica nas redes sociais, mas foi bem recebido por outros políticos.

“Mais ou tão grave quanto a corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto a nossa juventude”, afirmou Bolsonaro em seu perfil pessoal no Facebook, na noite do sábado (24). “O João não nasceu homem e a Maria não nasceu mulher”, ironizou ele. “O sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões do ENEM (Exame Nacional do Ensino MARXISTA)”, completou o deputado.

Na tarde deste domingo (25), Marcos Feliciano também usou seu perfil no Facebook para criticar a questão. “Essa frase da Filósofa Simone de Beauvoir é apenas opinião pessoal da autora, e me parece que a inserção desse texto, uma escolha adrede, ardilosa e discrepante do que se tem decidido sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens”, disse ele.

O ministro da Educação rebateu os deputados em entrevista coletiva na noite do domingo | FOTO: Reprodução/Twitter |

“Esse texto se encaixa como luva na teoria de gênero, apesar de questionável por se tratar da opinião de uma mulher polêmica, feminista da mais retrógrada cepa, com linguajar que denigre as mulheres comparando-as aos eunucos criando um limbo entre o homem e a mulher muito em voga nos anos 60”, continuou. Segundo ele, o objetivo de sua crítica foi “vigiar quando tentam impingir a teoria de gênero goela abaixo, com subterfúgios, quando não conseguem nas casas legislativas”.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, rebateu os deputados em entrevista coletiva na noite do domingo (25). Segundo o ministro, a escritora e filósofa teve “grande contribuição” sobre a condição da mulher na sociedade. Ele lembrou que, no passado, as mulheres não podiam votar e eram consideradas incapazes, sem direitos. “Esse é o contexto do debate. Pessoas podem divergir. Na educação, tem de estar aberto a discutir, a aceitar”, declarou.

Sobre o tema da redação, que abordou a violência contra as mulheres, ele afirmou que é um assunto importante e que ainda está presente na sociedade brasileira. Ele disse ainda que achou o tema “excelente” para que os mais de sete milhões de participantes reflitam sobre isso. “Em relação ao tema da redação, é inquestionável. Somos uma sociedade em que ainda há muita violência contra a mulher”, disse ele.

“Eu achei uma excelente escolha, defendo completamente a prova, estão de parabéns os que o fizeram. Quem sabe debatendo essa questão a gente consiga diminuir a violência, vai ser um grande avanço para a sociedade brasileira”, concluiu.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também elogiou o tema. “Boa escolha! Tema de redação do Enem diz respeito e deve ser conhecido de todas as pessoas: violência contra a mulher”, disse ela, pelo Twitter. O secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, também aprovou o assunto da prova de redação: “Excelente tema. É preciso refletir sobre essas ações covardes, criminosas”, publicou ele, em seu perfil pessoal no Twitter.

Segundo a especialista em educação Andrea Ramal, “a gente pode comparar o Enem a um fórum de debates sobre direitos e deveres dos cidadãos. É como se o Enem convocasse 7 milhões de estudantes para discutirem uma questão, e uma questão social pertinente como a violência da mulher. Acredito que foi uma escolha muito feliz do tema porque ainda não conseguimos vencer essa chaga tão horrorosa. A aplicação da lei [Maria da Penha] ainda não se efetivou”, explicou Cida. Informações do G1.

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