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Empresa açucareira é atuada em flagrante por trabalho escravo na Bahia

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A inspeção foi realizada pelo Grupo Especial de Erradicação do Trabalho Escravo | FOTO: Ascom/SJDHDS |

Condições degradantes de alojamento, sanitários precários, falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), ausência dos direitos trabalhistas e outras irregularidades. Assim foram encontrados 330 trabalhadores, cortadores de cana, resgatados na última quinta-feira (29), em situação de trabalho análogo ao escravo, numa fazenda que pertence ao grupo União Industrial Açucareira (Unial), em Lajedão, município da região sul, a 746 quilômetros de Salvador.

A inspeção foi realizada pelo Grupo Especial de Erradicação do Trabalho Escravo (Geetrae), formado por representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) e Secretaria do Trabalho, Emprego Renda e Esporte (Setre), com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Prisão em flagrante
Durante a ação, foi preso em flagrante o superintendente da Unial, Edmilson de Araújo, depois conduzido à Delegacia da Polícia Federal de Porto Seguro para averiguação do caso, que responderá ao processo em liberdade.

Os trabalhadores dos estados de Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais, que estavam alojados na fazenda, foram identificados, mas não serão retirados do local antes da legalização de todos os direitos trabalhistas. O MPT dialogou com a empresa para que seja feito o pagamento das rescisões e indenizações por danos morais coletivos.

Para o presidente da Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo, da SJDHDS (Coetrae-Bahia), Admar Fontes, “não é apenas a ausência da liberdade que faz um trabalhador, mas sim a falta de dignidade, e o que foi visto na fazenda de cana pelo Geetrae, foram condições extremamente precárias, onde seres humanos estavam sendo usados como instrumentos descartáveis de trabalho”.

Os trabalhadores dos estados de Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais, que estavam alojados na fazenda | FOTO: Ascom/SJDHDS |

Reincidência
A empresa que atua no ramo sucroalcooleiro, responsável pela fabricação do açúcar cristal da marca Açúcar União, já responde a dois inquéritos civis instaurados pelo MPT. As ações apuram denúncias de terceirização ilícita, doença ocupacional, trabalho infantil e violações à Norma Regulamentadora 31 (NR-31), que trata da segurança e saúde no trabalho, na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.

No terceiro resgate, no entanto, a situação de violação dos direitos humanos na unidade da empresa foi considerada pela comissão como escravidão moderna. Segundo o procurador do MPT, Ilan Fonseca, “os trabalhadores não tinham equipamentos de proteção, não dispunham de sanitários nem de qualquer proteção contra o sol ou a chuva nos locais de corte de cana. Além disso, o alojamento apresentava condições precárias de higiene, principalmente em relação à água usada, armazenada em um tanque com plantas e restos de produtos químicos”.

Participaram também da ação os policiais federais Renato Alves, Alessandra Bonfim, Marcus Vinícius Moreira e Osvaldo Neto, o técnico do MPT, Agnaldo Matos, e as técnicas da Setre, Josinélia Moreira, e da SJDHDS, Cleide Costa.

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