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Chapada: Quilombos, história e cultura são destaques de evento do Ifba Jacobina sobre consciência negra

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Evento no campus de Jacobina contou ainda com oficinas, exposições e apresentações culturais | FOTO: Ifba Jacobina |

Os quilombos, organizados a partir do trabalho de Zumbi dos Palmares – líder negro morto no dia 20 de novembro de 1695 -, representam historicamente um caminho de resistência à discriminação sofrida pelos negros. Atualmente, a data é reservada para debater e celebrar a consciência negra. Por isso, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Jacobina, convidou integrantes do quilombo Erê, localizado no bairro Bananeira, no município, para proferir a palestra Rotas quilombolas: um caminho para a autoafirmação, durante o evento Semana da Consciência Negra, que aconteceu na quinta (19) e na sexta (20).

O presidente da Associação Afro Brasileira Quilombo Erê, Jean Moreira, explicou como ocorre o processo de certificação e demarcação de um quilombo no Brasil. Ele informou que a Bahia possui atualmente 286 quilombos certificados porém apenas três já estão demarcados. Em Jacobina há dois certificados e oito não certificados. O processo do quilombo Erê, que tramita desde o início da década de 1980, está próximo de alcançar a certificação. Único urbano da região, o Erê conta com cerca de dois mil habitantes.

“Nós dos movimentos afro-brasileiros lutamos por cotas e por mais inclusão social em razão de sermos um povo historicamente massacrado pela elite brasileira. Por isso, o 20 de novembro é o momento de comemorar as vitórias do povo negro”, explicou Jean Moreira. A irmã de Jean, Edna Moreira, também integrante do quilombo, relatou suas participações no evento Brazilian Day, em Estocolmo, na Suécia. “Somos muito bem recebidos no estrangeiro porque eles gostam muito de cultura. Tem sido muito boa essa troca de experiências”, comentou Edna, que é professora de dança afro-brasileira.

Além de debater as questões contemporâneas ligadas à consciência negra, os participantes também puderam saber mais sobre o passado. O professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Jackson Ferreira, por exemplo, falou sobre o cotidiano dos afrodescendentes no século XIX na comarca de Jacobina, que tinha um território maior que o atual município. Ele integrou a mesa-redonda Retratos de uma luta: experiências negras em debate, que também teve a participação dos pesquisadores Paula Odilon dos Santos e Emanuela Fonseca. Elas discorreram sobre quilombos e religiões afro-brasileiras na região.

A programação também contou com a mesa-redonda Diálogos sobre a identidade negra na mídia brasileira, que teve a participação dos professores do IFBA André Lima, Jorge Luz e Lucília Santa Rosa. O evento contou ainda com oficinas, exposições e apresentações culturais. Destaque para a participação da Banda Reggae Afro Som, de Capim Grosso, e a Marujada de Jacobina. Mais informações: www.jacobina.ifba.edu.br

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