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Técnica de congelamento de óvulos permite preservar fertilidade feminina

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Diferente da antiga técnica de congelamento, com a vitrificação, as taxas de gestação são bem elevadas, uma vez que o método preserva as características, a idade e a qualidade dos gametas femininos | FOTO: Saulo Brandão/Cenafert |

Um dos mais recentes avanços na área de reprodução assistida, o método de vitrificação usado para criopreservação de gametas femininos, promete promover uma revolução na maternidade. Desenvolvida no Japão por uma equipe liderada pelo cientista japonês Masashige Kawayama, a técnica para conservar óvulos humanos representa uma solução para um dos grandes desafios da Reprodução Assistida: preservar a fertilidade da mulher. Através dessa técnica, os óvulos são preservados em baixa temperatura (-196ºC) e de maneira ultra-rápida, garantindo a sua qualidade no ato da desvitrificação para posterior fertilização. A vitrificação é uma técnica mais avançada de congelamento, já que o método anterior – o congelamento de óvulos – provoca uma formação de cristais de gelo no interior do óvulo, causando danos celulares e comprometendo a qualidade do gameta feminino, com índice de gravidez muito baixo.

Diferente da antiga técnica de congelamento, com a vitrificação, as taxas de gestação são bem elevadas, uma vez que o método preserva as características, a idade e a qualidade dos gametas femininos. A vitrificação é um processo de congelamento através do qual os óvulos são desidratados e tratados com substâncias crioprotetoras para serem congelados de forma ultra-rápida. “O método possibilita um ultra-resfriamento, é como se o óvulo se transformasse em vidro em segundos”, explica o ginecologista e especialista em Reprodução Humana, Joaquim Lopes, diretor do Cenafert. No método tradicional de congelamento, o processo é mais lento – até atingir os 196 graus negativos leva de duas a três horas – ocasionava formação de gelo no interior do óvulo. Com a vitrificação, esse tempo cai consideravelmente.

Se o congelamento de espermatozoides através do processo de congelamento lento, já usado há bastante tempo, garante bons resultados, no caso da preservação de óvulos – que são 180 vezes maiores que os espermatozoides – os resultados sempre foram pouco satisfatórios. A cada dez óvulos congelados, apenas três ou quatro conseguiam “sobreviver” ao processo depois de descongelados para depois serem fertilizados, gerando embriões. O processo lento de congelamento forma cristais de gelo na estrutura interna ou na membrana (zona pelúcida) do óvulo, comprometendo sua qualidade. Por isso, o método de congelamento lento só era indicado nos casos de mulheres em tratamentos do câncer, como forma de preservar a fertilidade para uma gravidez futura.

A vitrificação também traz uma nova perspectiva para a mulher moderna, que foca sua vida no crescimento profissional e só depois de adquirir estabilidade financeira começa a pensar na maternidade. Com a ascensão do sexo feminino no mercado de trabalho, cada vez mais a média de idade das mulheres que engravidam vem aumentando. Hoje grande parte das mulheres tem seu primeiro filho após os trinta anos. Até muito pouco tempo, as jovens tornavam-se mães por volta dos 20 anos de idade.

“Hoje, seja por questões profissionais seja por não ter encontrado seu parceiro ideal antes, muitas mulheres só começam a pensar em ter seu primeiro filho justamente quando sua fertilidade já está declinando, nesses casos, preservar a fertilidade amplia as possibilidades de se gerar filhos saudáveis até depois dos 40 anos”, afirma o especialista Joaquim Lopes. Os melhores resultados com a criopreservação de óvulos, no entanto, se observam quando a técnica é realizada em mulheres abaixo de 35 anos.

A técnica de vitrificação para preservação de óvulos também é altamente recomendada para casos de pacientes oncológicos, que precisem passar por tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Esses tratamentos podem comprometer a função hormonal e até causar uma infertilidade irreversível. Segundo o ginecologista e especialista em Reprodução Humana, Joaquim Lopes, é preciso conscientizar os médicos para a importância de orientar seus pacientes que estejam em tratamento de câncer, especialmente os mais novos ou que ainda não tiveram filhos. Com os avanços no tratamento de câncer, o paciente depois de curado quer retomar sua vida normal, trabalhar, casar e ter filhos.

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