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Entrevista completa: Dilma diz que pode convocar plebiscito para tentar resolver situação do país

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Segundo a presidente afastada, “todo mundo que não tiver condições de se eleger nas urnas, vai recorrer ao ‘golpe'” | FOTO: Reprodução/TV Brasil |

Câncer, política externa, economia, atuação no Congresso Nacional, programas sociais, extinção de Ministérios, retiradas de embaixadas de países parceiros do Brasil. Esses e outros assuntos foram tratados pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT), em entrevista que foi ao ar nesta quinta-feira (9) pela TV Brasil, emissora que pertence à Empresa Brasileira de Comunicações (EBC). Dilma criticou o governo interino de Michel Temer (PMDB) e assumiu que se voltar vai convocar um plebiscito para o povo decidir o rumo do país. A presidente esteve a vontade para tecer críticas ao processo de impedimento, que acabou por afastá-la, e se mostrou confiante no retorno ao cargo maior da nação no julgamento final que será realizado no Senado Federal. A petista também discorreu longamente sobre o que chamou de golpe parlamentar.

“Se você olhar o Brasil, a regra tem sido o golpe. Todo mundo que chegou à presidência sofreu processo de impeachment. Eu acredito, inclusive, para o futuro, a partir do meu caso, que vão ter de mudar a legislação de 1950. Porque não é possível isso que está acontecendo no Brasil, um governo provisório, interino, que muda toda a estrutura, e que não tem nenhuma legitimidade para fazer essa mudança. Muda de políticas mais básicas, extingue ministérios, toma atitudes como se tivesse sido eleito pelo voto popular. Ao mesmo tempo convive na mesma rua o presidente legitimamente eleito e o ilegítimo presidente provisório. Não é possível no país que tem a sétima economia do mundo que isso aconteça. Eu não estou dizendo sobre o meu caso, porque ele já foi, está em pleno curso. Estou dizendo que daqui para a frente, uma das coisa que tem de se olhar com muito cuidado é que não se pode deixar que haja essa atratividade pelo golpe”, dispara Dilma.

Segundo a presidente afastada, “todo mundo que não tiver condições de se eleger nas urnas, porque o programa não resiste a uma eleição, não pode achar que a saída é o impedimento do presidente em exercício”. Questionada sobre o Conselho da República, Dilma disse que ele nunca foi convocado e, segundo informações, deveria atuar justamente em questões críticas do país. “Que eu saiba ele nunca foi convocado. Ele [o conselho] também teria de ter uma certa modernidade. Talvez se nós tivéssemos incorporado ele na institucionalidade seria mais difícil esse processo do golpe. A gente teria um respaldo para que isso não acontecesse”.

Caso a presidente ganhe no Senado Federal, ela volta à presidência, mas, mesmo assim, ficará com minoria na Câmara e no Senado, com dificuldade para governar o país. Dilma diz que o presidente afastado da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve manter as pautas conservadores como prioridades e sugeriu que o povo fosse consultado para resolver a crise política do país. “Só tem um jeito, dado o nível de contradição que tem hoje entre os diferentes atores deste país, é que se recorra à população. Pode ser um plebiscito e isso está sendo muito discutido”, completa.

A exibição da entrevista com Dilma estava prevista para a última segunda, mas não aconteceu em função da mobilização de funcionários que alegaram que o contrato de Nassif havia sido suspenso por Laerte Rimoli, nomeado para o comando da EBC pelo presidente interino Michel Temer e que foi afastado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O cargo foi reassumido por Ricardo Melo, que anunciou, em sua volta, que revisaria atos do substituto.

Jornal da Chapada

Confir aqui a íntegra da entrevista com o jornalista Luiz Nascif

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