A Bahia ocupa a segunda posição no Brasil em número de mortes de Lésbicas Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBTs), segundo relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Somente em 2016, o ano considerado como o mais violento desde 1970 contra pessoas LGBTs, segundo a entidade, 343 pessoas foram mortas em todo o Brasil, 32 delas na Bahia. Em 2017, até 22 de janeiro, já foram documentados 23 assassinatos de LGBTs. O estado baiano só fica atrás de São Paulo, que no ano passado contabilizou 49 homicídios. Rio de Janeiro, com 30 mortes, e Amazonas, com 28, também figuram entre os estados com maior número de crimes. O único estado do Brasil que não registrou casos foi Roraima, que em 2014 liderou a lista.
Entre as capitais, Manaus, com 25 mortes, foi a que registrou o maior número de assassinatos em termos absolutos, seguida de Salvador (17) e São Paulo (13). Foram documentados em 2016 assassinatos de LGBT em 168 municípios brasileiros. Dos 343 assassinatos, 173 eram gays, 144 trans (travestis e transexuais), 10 lésbicas, quatro bissexuais e 12 heterossexuais (parentes ou conhecidos de LGBTs que foram assassinados por algum envolvimento com eles).
Os dados, segundo o GGB, levaram à constatação de que a cada 25 horas um LGBT é assassinado no país. O antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, classifica os números como “alarmantes”. “Tais números alarmantes são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais números são sempre subnotificados, já que nosso banco de dados se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais”, destacou, lembrando que não existe o crime de homofobia na legislação brasileira.
Ainda de acordo com os dados levantados pelo GGB, 31% dos assassinatos ocorridos em 2016 foram praticados com arma de fogo, 27% com armas brancas, incluindo ainda enforcamento, pauladas, apedrejamento, além de casos com requintes de crueldade, nos quais houve tortura e queima do corpo da vítima. O relatório aponta ainda que crimes contra LGBTs são cometidos de noite ou madrugada, em lugares ermos ou dentro de casa, o que, segundo o GGB, dificulta a identificação dos autores. Segundo a entidade, somente em 17% dos homicídios registrados no ano passado os autores dos crimes foram identificados (60 de 343), e menos de 10% das ocorrências resultaram em abertura de processo e punição dos assassinos.
Dentre os 60 criminosos identificados, praticamente a metade mantinha contatos próximos com as vítimas, seja como companheiro atual (27%), ex-amante (7%) ou parentes da vítima (13%). Clientes e profissionais do sexo, além de desconhecidos em sexo casual foram responsáveis por 47,5% dos crimes. Para Mott, 99% dos assassinatos têm motivação homofóbica. “Têm como motivo seja a LGBTfobia individual, quando o assassino tem mal resolvida sua própria sexualidade, seja a homotransfobia cultural, que expulsa as travestis para as margens da sociedade, onde a violência é endêmica, seja a homofobia institucional, quando os governantes não garantem a segurança nos espaços frequentados pela população LGBT e nem aprovam leis que criminalizem a LGBTfobia”, disse. Com informações do G1-BA.