Com o clima quente, o fogo que consome a vegetação na região da Cachoeira do Buracão, no município de Ibicoara, na Chapada Diamantina, ganhou proporção nesta sexta-feira (27). A informação foi confirmada pelo Jornal da Chapada com brigadistas da região que estão na linha de combate. No momento, 45 brigadistas atuam para controlar as chamas, mas o número já não é suficiente e o cansaço desses profissionais é visível. Também atuam no combate representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar (CBPM).
Em rede social, o presidente da brigada ‘Os Guerreiros BVCIF’, de Barra da Estiva, Edvaldo Miranda Alves, diz que os “administradores do Parque Nacional da Chapada Diamantina [PNCD] pediram reforço da brigada e estamos em Ibicoara. O fogo está ruim de acesso e tem de ir de helicóptero. É preciso de ajuda de quem estiver disponível para vir para o combate. O bicho está pegando, o acesso é muito ruim. Tem 45 brigadistas no combate, mas estão todos cansados”, informa.
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A questão dos incêndios florestais já é um problema sério na região. Entra ano e sai ano e muitas ações são divulgadas, mas parece que a situação só piora. É o que pensa o presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira, um dos críticos ao sistema implantado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e defensor de que o processo de gerenciamento do combate seja atribuído à Defesa Civil do Estado ou ao governo federal.
“Somos nós brigadistas que percebemos os equívocos. E cada vez que muda uma chefia, tudo volta à estaca zero. Urge que a Defesa Civil assuma essa gerência. Sob risco de, com o agravamento da seca, perdermos ainda mais nossas nascentes e nossa biodiversidade”, salienta Homero. “Não sei se é amadorismo, vaidade, ou a indústria do fogo. É impossível que em mais de 27 anos não se tenha aprendido nada com todos os anos, ocorrendo incêndios florestais. Toda vez que tem um foco ficam todos iguais a barata tonta. Os órgãos envolvidos são incapazes de elaborar uma simples estratégia”, dispara.
O brigadista, que atua há mais de 30 anos na região, diz que “se esse ano a Defesa Civil não assumir, a população vai sofrer muito com o fogo”. Para Vieira, não há uma organização e lhe chama a atenção a falta de profissionais. “O programa ‘Bahia Sem fogo’ é, por si só, um paradoxo: não se pode sobreviver sem fogo. Já os incêndios florestais necessitam ser gerenciados e combatidos”.
Jornal da Chapada