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Ministro do TSE se irrita em sessão da cassação da chapa Dilma-Temer e critica delações

Brasília - Os ministros Rosa Weber, Napoleão Nunes Maia e Tarcisio Vieira de Carvalho durante o quarto dia de julgamento da ação em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Napoleão Maia votou contra a cassação da chapa Dilma-Temer | FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Napoleão Maia votou nesta sexta (9) contra a cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições de 2014. No início da retomada do julgamento da ação, Napoleão foi o primeiro a se manifestar após a apresentação do voto do relator e mostrou-se revoltado por surgirem denúncias de que ele estaria sendo citado nas delações premiadas das empresas OAS e JBS. O ministro chegou a desejar a “ira do profeta” às pessoas que fizeram acusações contra ele. Após o desabafo de Napoleão, a sessão foi suspensa por cinco minutos e depois retomada.

Em sua fala, Napoleão Nunes Maia criticou duramente o instrumento da delação premiada. “Se isto não terminar, o final não será bom. Todos nós estamos sujeito ao alcance dessas pessoas [delatores]. O sujeito fica indefeso diante disso, deve amargurar isso no coração?”, questionou o ministro. As informações sobre citações ao ministro em delações foram noticiadas pela imprensa.

“Um delator teria dito que eu intercedi [em favor da JBS]. Eu nunca vi esse advogado e duvido que tenha dito isso. A mentira é do delator, que disse isso para me incriminar em troca das benesses que recebeu. A delação está servindo para isso. Alguém pode ser solicitado a denunciar alguém em troca de uma benesse e [esse] alguém que amargure pelo resto da vida”, criticou Napoleão Nunes.

Segundo o ministro, ele chegou a ser questionado na igreja que frequenta sobre a suposta inclusão do nome dele em delações. “Respondi que com a medida com que me medem serão medidos. E sobre eles desabe a ira do profeta. É uma anátema islâmica. Ira do profeta, não vou dizer o que é, mas vou fazer um gesto do que é a ira do profeta”, disse o ministro passando a mão estendida à frente do pescoço, imitando a degola por uma foice. “É isso que eu quero que caia sobre eles”, completou.

Após a fala do ministro, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, prestou solidariedade ao colega e acusou o Ministério Público Federal de ser o responsável por vazamentos. Mendes ainda criticou o vice-procurador eleitoral, Nicolao Dino, que pediu, na sessão de hoje, a suspeição do ministro Admar Gonzaga. O pedido foi rejeitado pelo plenário do TSE. O ministro também falou irritado sobre um fato ocorrido pela manhã quando o filho dele foi impedido de entrar no tribunal por não está vestido adequadamente.

O filho, segundo o ministro, trazia fotos da neta em um envelope para entregar a ele. Para ter acesso ao plenário, é necessário estar vestindo terno e gravata. No entanto, o site O Antagonista noticiou que um “homem misterioso” com um envelope que se encontraria com o ministro teria sido barrado, o que irritou o ministro. Os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira votaram há pouco contra a cassação da chapa Dilma-Temer. Já os ministros Luiz Fux e Rosa Weber votaram a favor da cassação. Com isso, o placar da votação passou a ser de 3 votos contra e 3 a favor, e foi desempatado pelo presidente Gilmar Mendes que não cassou a chapa. Da Agência Brasil. Texto editado às 21h35.

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