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Chapada: Estudante da Uneb em Seabra entra com denúncia no MP para apurar crime de racismo

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Carla Cleide Lino contesta que a Reitoria da Uneb constituiu uma Comissão de Sindicância para apurar o fato, mas que a comissão é formada por membros que fizeram parte da chapa do atual reitor | FOTO: Montagem do JC/Acervo Pessoal |

A estudante do curso de letras do Campus XXIII da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) sediado em Seabra, na Chapada Diamantina, Carla Cleide Lino, denunciou a prática de injúria racial e perseguição dentro da instituição de ensino superior. Na última semana, o Ministério Público (MP) recebeu sua denúncia, mas ainda não se pronunciou. Segundo Carla, o fato ocorreu em 2015 quando tentava renovar o estágio remunerado e a diretora, Iranice Carvalho da Silva, e a coordenadora de colegiado, Cristiane Andrade, fizeram a alusão ao fato da vítima “saber cozinhar, fazer bolo e faxina” para não precisar do cargo pleiteado.

Em conversa com o Jornal da Chapada, Cleide disse que tem sido perseguida na área acadêmica e que depois do caso de racismo, foi reprovada e retirada de uma disciplina. Ela informou que tem sido tachada de fazer política com a denúncia. “O reitor formou uma comissão para apurar fatos, com sindicância, só que os membros dessa comissão são pessoas que fizeram parte da chapa do reitor, da mesma forma que as duas pessoas que denuncio também foram dessa chapa”, contou Carla. “Fica minha pergunta: será que essas pessoas que foram da chapa do reitor vão apurar de forma justa, sendo que os denunciados são do mesmo grupo?”, indagou.

A Reitoria da Uneb confirmou que constituiu Comissão de Sindicância, através da Portaria 989/2018, publicada no Diário Oficial do Estado da última sexta-feira (6), “para apurar as denúncias de racismo e apresentar relatório final para a Reitoria no prazo de 30 dias, em conformidade com trâmites administrativos da instituição e da legislação vigente”, dizia a nota publicada na página da instituição.

Apesar da nota emitida pela Uneb, a estudante afirma estar insatisfeita. “O não afastamento das professoras Iranice Carvalho e Cristiane Andrade até que sejam concluídas as apurações dá a sensação de impunidade”, afirmou ao JC. Para ela, a Uneb, sendo a pioneira na discussão das ações afirmativas dentro das instituições públicas, “precisa avançar nas políticas de conscientização do racismo institucional”. Uma vez que Carla Cleide, representa outros estudantes que sofrem diariamente com piadas, humilhações, provocações e desvalorizações.

*Essa matéria foi editada às 15h27 de 12/4/18, pois houve erro ao afirmar qualquer apoio da Uneb à estudante em relação aos fatos apresentados na matéria. Pedimos desculpas à Uneb pela publicação. O processo para apurar o caso segue tramitação.

Jornal da Chapada

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