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#Bahia: Cratera surgida na Ilha de Itaparica continua crescendo, dizem especialistas

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O buraco fica no meio de uma mata nativa na localidade de Matarandiba e está a cerca de um quilômetro do local onde vivem os moradores, que se dizem preocupados com a situação | FOTO: Divulgação/G1BA |

A cratera que se abriu recentemente próximo a uma vila do município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, continua crescendo e assustando ainda mais os moradores. Foram cerca de três metros de comprimento a mais em apenas uma semana. O buraco fica no meio de uma mata nativa na localidade de Matarandiba e está a cerca de um quilômetro do local onde vivem os moradores, que se dizem preocupados com a situação.

A erosão se formou numa área de propriedade da multinacional americana Dow Química, que utiliza a região para extração de salmora, uma mistura de água e sal usada na fabricação de produtos químicos. O produto retirado em seis poços a uma profundidade de 1,2 mil metros.

A empresa diz que está investigando se a cratera tem relação com o trabalho de perfuração que desenvolve no local e está monitorando a área com micro-sensores, drones e software de alta precisão. A erosão foi descoberta pela própria empresa há 20 dias, durante um trabalho de rotina. O Ministério Público (MP) informou na última segunda (18) que está acompanhando a situação e aguardando relatório da Defesa Civil municipal e estadual.

A Dow disse que, semanalmente, estão sendo realizadas medições da erosão. A mais recente medição, realizada em 8 de junho, mostrou que as medidas da cratera são 71,7 metros de comprimento por 29,70 de largura e profundidade é 45,40. Houve, portanto, um crescimento de 2,7 metros no comprimento do buraco, enquanto a largura permanece praticamente inalterada. A profundidade diminuiu um pouco, segundo a Dow, devido aos materiais que caem das laterais.

A empresa diz que trata-se de um fenômeno geológico conhecido como “vazio subterrâneo”. Afirma que o aumento da cratera é esperado até a completa estabilização do terreno, uma vez que, sob o ponto de vista técnico, a tendência é que as bordas da erosão fiquem do mesmo tamanho que o fundo dela, e hoje a parte inferior possui perímetro maior do que o das bordas superiores. Por isso, a empresa diz que é importante que as pessoas não acessem o local, que foi interditado.

Foi isolada uma área de 30 metros de distância da borda da erosão. A Dow diz que uma barreira física maior está sendo construída com o suporte da Defesa Civil e Inema. Além disso, placas indicativas de perigo foram instaladas e um segurança foi posicionado para advertir as pessoas para não ultrapassarem a barreira.

Monitoramento
A multinacional disse que está monitorando a área, para compor um laudo técnico-científico, com micro-sensores e drones e fazendo análise de dados geológicos que serão modelados em um software de alta precisão para avaliar o estresse do subsolo e entender a origem da erosão.

A Dow destacou que possui operações na Bahia desde a década de 60 e que não houve nenhum registro de danos ao meio ambiente devido à sua operação. Afirma que a cratera está há mais de 200 metros de um poço que está fora de operação desde 1985 e que, portanto, há mais de 30 anos nenhuma atividade foi realizada no local.

Hipóteses
O geofísico, geólogo e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Marcos Botelho diz que ainda é cedo para cravar o que provocou o surgimento da cratera, mas diz que, em sua opinião, há duas hipóteses. A primeira delas é que um fluxo de água subterrâneo fez com que, ao longo dos anos, os sedimentos da superfície fossem arrastados, o que fez surgir uma cratera. Outra hipótese é que uma falha natural já existente no local pode ter sido acentuada em decorrência da exploração da Dow no espaço.

“Isso não aconteceu de uma hora para outra, não foi de uma vez. A cratera se formou aos poucos e ninguém percebeu. É possível que tenha sido em decorrência de uma falha, de origem ainda desconhecida. Essa falha é como se fosse uma rachadura na parede, uma infiltração. Fluidos passam por essa fraturas entre as camadas de rochas como o arenito, que é a rocha da ilha, e aí podem surgir cavernas como essa”, destaca.

A previsão é que os resultados dos estudos para descobrir as causas da erosão saiam em até quatro meses. A Dow destacou que a comunidade e órgãos competentes têm sido periodicamente informados sobre a erosão e sobre as providências da empresa. A pedido da comunidade, uma linha direta de acesso, via WhatsApp, foi providenciada para que a comunidade possa contatar diretamente a empresa. Jornal da Chapada com as informações de G1BA.

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