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#Bahia: Simpósio estimula debates sobre a evolução do tratamento dos tumores de próstata, bexiga e rim

Encontro acontece em Salvador nos dias 26 e 27 de outubro, no Wish Hotel da Bahia, às vésperas do Novembro Azul | FOTO: Divulgação |

Os avanços no tratamento dos tumores de próstata, bexiga e rim serão o eixo central das palestras e discussões do III Simpósio de Uro-oncologia da Bahia. O encontro, que vai reunir urologistas e oncologistas de várias partes do Brasil no Wish Hotel da Bahia, em Salvador, será realizado nos dias 26 e 27 de outubro, às vésperas do Novembro Azul, mês mundial de combate ao câncer de próstata. No encontro, que pretende solidificar e fortalecer o grupo de estudos em Uro-Oncologia da Bahia, serão apresentadas as mais recentes técnicas e os mais novos medicamentos utilizados no tratamento de pacientes uro-oncológicos.

As novidades buscam reduzir os riscos de complicações, aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. De acordo com o urologista e diretor da Sociedade Brasileira de Urologia – Regional Bahia (SBU-BA), Augusto Modesto, “as inovações que surgiram desde as cirurgias convencionais, passando pelo tratamento laparoscópico, nefrectomia parcial (cirurgias “poupadoras” do rim), uso de drogas imunoterápicas (fortalecedoras do sistema imunológico na defesa de tumores mais avançados), ablação por radiofrequência (agulhas que queimam pequenos tumores) e crioablação (sistema de congelamento contra tumores), até chegar às cirurgias robóticas, revelam que a medicina tem avançado consideravelmente no que diz respeito ao tratamento de tumores uro-oncológicos”.

Inovações
No início, quando um paciente era diagnosticado com um tumor no rim, por exemplo, o órgão inteiro era removido, independentemente do estágio do câncer. “Com o avanço dos estudos, passamos a retirar apenas a parte comprometida. Esta evolução acabou beneficiando os pacientes, sobretudo aqueles que já tinham problemas renais, os mais idosos e os diabéticos”, lembrou o presidente da Sociedade Brasileia de Oncologia Clínica – Regional Bahia (SBOC-BA), Fernando Nunes.

A crioablação e a radiofrequência para tratamento de tumores pequenos, assim como a cirurgia robótica, ilustram outros avanços importantes. “Infelizmente, eles ainda não estão disponíveis na Bahia, nem para os pacientes de convênios e muito menos para os do SUS”, lamentou o oncologista. Além desses, um outro tipo de tratamento inovador para o câncer de próstata, o ultrassom focado de alta intensidade, também não chegou ao estado.

“Este aparelho, que consegue destruir pequenos tumores sem cortes, só está disponível em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Sua principal vantagem é a prevenção de comorbidades como impotência sexual e incontinência urinária, que podem acometer pacientes oncológicos tratados por meio de cirurgia convencional”, pontuou o presidente da SBOC-BA.

Segundo ele, a diferença do tratamento oncológico oferecido a pacientes atendidos por convênios e pelo Sistema Único de Saúde (SUS) vem diminuindo aos poucos. No Aristides Maltez, referência de tratamento oncológico em Salvador, por exemplo, quase todos os tratamentos e cirurgias disponíveis são ofertados pelo SUS. “O problema da radioterapia no SUS é a carência de máquinas. São muitos pacientes para poucas máquinas. Além disso, as drogas mais novas demoram para chegar à população mais carente. Isso reflete a realidade do SUS em todo o Brasil”, destacou.

Plataforma robótica e vigilância ativa
Os avanços da cirurgia robótica minimamente invasiva, seus benefícios e limites, serão amplamente discutidos no III Simpósio de Uro-oncologia da Bahia. “A Bahia vai receber a primeira plataforma robótica em 2019. No Brasil, esta tecnologia tem sido muito utilizada no eixo Rio, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul. No Nordeste, cirurgias robóticas já são realizadas em Fortaleza e Recife”, contou o diretor da SBU-BA, Augusto Modesto.

Outro assunto que está na pauta do encontro organizado pela SBU-BA e SBOC-BA será a vigilância ativa, estratégia utilizada na Europa, no Canadá e nos Estamos Unidos quando o risco para pacientes acometidos de câncer de próstata é classificado como baixo ou baixíssimo. Neste caso, o paciente é inserido em um protocolo restrito que inclui revisões a cada três meses (toque retal e dosagem de PSA), além de biópsias anuais e ressonâncias multiparamétricas, formas diagnósticas que agregam um amplo arsenal de diagnóstico de câncer e de planejamento cirúrgico.

“Este método, que tem sido a primeira escolha dos pacientes nos países onde ele já foi implementado, apresenta como principal vantagem a ausência de morbidade no tratamento. Contudo, se o tumor avança, o paciente é retirado do protocolo e recebe o encaminhamento adequado para os diversos tipos de tratamentos existentes”, detalhou Modesto.

Câncer de próstata
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata é o mais comum entre os homens em todas as regiões do Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estimam-se 68.220 casos novos de câncer de próstata para cada ano do biênio 2018-2019, sendo 15.820 na região Nordeste. Para a Bahia, estão previstos 4.280 casos, sendo 718 em Salvador.

Esses valores correspondem a um risco estimado de 66,12 casos novos a cada 100 mil homens. Dentre os fatores de risco para o câncer de próstata, estão o avanço da idade e o histórico familiar em primeiro grau (pai, irmãos ou filhos). Alguns tumores na próstata podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma lenta (cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) e não chega a dar sinais durante a vida do homem.

O aumento das taxas de incidência da doença no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, melhoria na qualidade dos sistemas de informação e aumento na expectativa de vida no país. “O diagnóstico precoce, facilitado por exames de imagem e laboratoriais, facilita a cura da doença. Por isso, nosso papel é alertar a população e, em especial, os homens, sobre a importância das consultas médicas e exames regulares, sobretudo a partir dos 40 nos de idade. A campanha ‘Novembro Azul’ é uma excelente oportunidade para isso”, destacou o presidente da SBOC-BA, Fernando Nunes.

Câncer de Bexiga
As discussões do Simpósio sobre o câncer de bexiga também são bastante aguardadas pelos participantes. A doença, que acomete principalmente pessoas expostas ao tabagismo e/ou a produtos químicos como corantes, pesticidas ou arsênico, é considerada um dos tipos mais agressivos de tumor. “O poder de recorrência deste tipo de câncer é de 30 a 40%. Quando retorna, geralmente, a doença volta mais agressiva (a taxa de progressão varia entre 15 e 20%). Se não for identificada precocemente, a retirada da bexiga inteira é inevitável.

A morbidade e a mortalidade relacionadas à doença são grandes, sobretudo em pacientes do SUS. Felizmente, as drogas quimioterápicas e imunoterápicas têm aumentado a sobrevida dos pacientes. Além disso, o tratamento trimodal, que inclui a raspagem da bexiga, quimioterapia e radioterapia, tem obtido resultados positivos para os casos em que o tumor não se encontra em estágio avançado. As informações são de assessoria.

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