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#Bahia: Município de Caém recebe oficina sobre sensibilização quilombola

Jovens e principalmente mulheres, foram maioria na oficina que discutiu as formas de preconceito, racismo e negação histórica dos direitos do povo negro no Brasil | FOTO: Divulgação |

Várzea Queimada é uma das comunidades do interior de Caém, no centro norte da Bahia, formada por remanescentes de negros e negras que foram escravizados no Brasil. Certificada pela Fundação Palmares como Quilombola, as famílias do local fazem questão de expressar sua identidade cultural, o que foi demonstrado durante uma oficina sobre Sensibilização Quilombola que aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro na sede da Associação comunitária local.

O encontro contou também com representantes de outras localidades como Várzea Dantas, Baixa do Mel e Várzea Queimada. Essas comunidades são beneficiadas por projetos de produção agropecuária por meio do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do Estado da Bahia. Os recursos do Pró-Semiárido são frutos do Acordo de Empréstimo entre o Governo da Bahia e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Jovens e principalmente mulheres, foram maioria na oficina que discutiu as formas de preconceito, racismo e negação histórica dos direitos do povo negro no Brasil, um cenário marcado pela dominação dos brancos desde a colonização do país e que só tem gerado violência e submissão. No conteúdo em discussão foi tratado também da resistência, luta e mobilização para que as mudanças possam acontecer, considerando inclusive que as comunidades quilombolas são símbolos da resistência e afirmação da identidade dos negros no Brasil.

A Assessora de Monitoria e Avaliação do Projeto, Carla Ferreira, foi a facilitadora da oficina e disse que a discussão nesse tipo de oficina gera uma reflexão sobre o contexto histórico dos negros e negras e a forma como eles são socialmente representados em um país que valoriza a cultura “branca”. Carla lembrou que o racismo e o preconceito impostos aos negros/as são também resultados de um processo de construção ideológica reforçada pelo sistema de educação, pela mídia e por outras formas até sutis de representações.

“Discutir a história dos Quilombos e nossos antepassados nos ajuda a entender de onde somos e viemos e onde queremos chegar, isso nos dar clareza pra buscar nossos direitos como a conquista da terra, que é fundamental pra nossa sobrevivência”, afirmou o jovem Jandeilson de Jesus, Agente Comunitário Rural do Pró-Semiárido. Há anos o jovem mobiliza as famílias de Várzea Queimada na busca de melhores condições de vida na comunidade.

A agricultora Marineide Maria da Silva disse que “essa discussão serve pra abrir nossa mente porque na escola o conhecimento que nos passaram é totalmente desviado e nesses encontros a gente passa a saber que a gente é capaz e o tanto que a gente pode mudar, ver os direitos que a gente tem. Tudo isso melhora bastante a gente”. Sezuita de Jesus, também agricultora, falou da importância das comunidades estarem presentes para discutir sua história e identidade: “isso só fortalece a gente porque passamos a conhecer nossa história e nossa identidade”, finalizou. As informações são de assessoria.

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