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Chapada: Mulheres e público LGBT são o foco de mesa-redonda no Ifba de Jacobina

Evento ampliou o debate sobre discurso de ódio na sociedade | FOTO: Montagem do JC/Ascom do Ifba |

Estudantes e servidores do Instituto Federal da Bahia (Ifba), em Jacobina, na Chapada Norte, ao lado de convidados, estiveram envolvidos no debate acerca do discurso de ódio contra mulheres e LGBT+ com base em comentários publicados nas redes sociais na última quarta-feira (5). Na ocasião, alunas do 3º ano de informática apresentaram performance, seguidas da intervenção artística “Atravessamentos: gênero e sexualidade em pauta na cena”, liderada por Iago Setúbal (Grupo de Teatro Rizoma), que aproveitou para compartilhar sua história de vida enquanto homossexual, citando casos de preconceito e a necessidade da ocupação de espaços de poder.

Ao se referir às “bichas pretas faveladas, travestis e transexuais”, ele mencionou Dandara e Marielle como ícones dessa luta. Culminância do projeto de extensão “Ligue seu raivômetro: discurso de ódio não é opinião!” a mesa-redonda da tarde contou com a participação de Amanda dos Santos, mestranda em educação e diversidade pela Uneb, da graduanda de direito Fernanda Borges, e de Tiago da Conceição Sousa, psicólogo e especialista em educação inclusiva.

Amanda voltou sua fala para o histórico das mulheres negras desde os tempos da escravidão. “Elas acabam sendo eternas crianças, ao viver para o marido, o patrão, sem escolha própria. Chegam, até mesmo, a ser animalizadas”, disse. No contraponto, trouxe o contexto de negras famosas e trechos de discursos veiculados pela internet em relação a esse público, bem como frases da professora e filosofa Angela Davis.

Fernanda pontuou relatos de sua trajetória enquanto transexual, destacando os desafios no campo profissional diante do conservadorismo do mercado de trabalho na área de direito, bem como exemplos de assédio praticado por homens. Já o psicólogo Tiago relacionou discurso e linguagem com expressão de personalidade, convencionada como opinião e liberdade de expressão.

Para Agamenon Pires, estudante do 1º ano do ensino médio do Colégio Modelo, a mensagem principal da iniciativa foi o respeito ao próximo. Opinião corroborada pelo colega Gabriel Ieshua, 18. “A partir do momento que você dá o respeito, você tem tudo! Todos temos nosso próprio pensamento, mas ninguém nasce odiando, como diria Mandela. Se você pode aprender a odiar também pode aprender a amar!”, ressaltou o jovem.

Fique por dentro
Coordenada pela pedagoga Indaiara Célia da Silva juntamente com a professora de história Carla Côrte, o projeto consistiu em oficinas formativas com alunos do Ifba, bem como dos colégios estaduais Modelo e CEEP/Felicidade, com o objetivo de possibilitar reflexões acerca dos discursos de ódio que circulam em redes sociais e no ambiente escolar, relacionados, sobretudo, a questões de gênero e sexualidade.

“Voltada para a difusão dos direitos humanos e da liberdade de expressão, nossa iniciativa pretende construir estratégias inter e transdisciplinares que reafirmem o direito à diversidade e à diferença, assumindo a responsabilidade de pensar mecanismos de construção de justiça social, tendo as/os estudantes como protagonistas da sua realização”, esclarece a docente Carla.

Para a jovem Geovanna Muniz, 1º ano do curso técnico integrado de mineração, participar do projeto foi uma atividade extremamente significativa. “Despertei o interesse por assuntos que envolvem a preservação da dignidade das pessoas, independentemente dos seus posicionamentos. Mais do que sentir prazer em debater as questões abordadas, senti necessidade de trazê-las e sistematizá-las no meu cotidiano, devido a diversos episódios de exteriorização de ódio que presenciei, dissimulados e confundidos como liberdade de expressão. Agora tenho em mãos ferramentas para discutir com sabedoria e propriedade diversas temáticas e mostrar que discursos odiosos não devem ser tratados como opiniões”.

De acordo com Maicon Breno, 2º ano de eletromecânica, foi muito satisfatório aprender sobre temas como homossexualidade, machismo e outros tipos de preconceito. “Confesso que era um pouco conservador sobre determinados assuntos por não ter conhecimento o bastante para poder compreendê-los. Após essa excelente experiência, tenho a oportunidade de apreciar com outros olhos determinadas situações. O mais importante, acima de tudo, é ter humildade e respeito!”.

Durante o processo formativo, ainda houve produção de minidocumentário, exibido durante a culminância na quarta (5). Instalação artística de tetraedros contendo discursos de ódio, dados de violência e contranarrativas também integrou a programação. A ideia foi inspirada no Memorial da Resistência, situado em São Paulo, que dialoga com a ação “Sonhar o mundo – Educando para a Diversidade”. Interessados podem prestigiar a instalação até o dia 20 deste mês no salão de entrada do Campus Jacobina do Ifba. As informações são de assessoria.

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