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PF aponta que dinheiro de contrato superfaturado com empresa de energia eólica chegou ao PT e PSDB

Segundo as investigações, a estatal de energia de Minas Gerais teria feito um aporte de mais de R$ 800 milhões a uma empresa de energia eólica que fechou um contrato superfaturado em R$ 40 milhões com a empresa Casa dos Ventos | FOTO: Divulgação |

O objetivo da 5ª fase da Operação Descarte, deflagrada nesta quinta-feira (25), era o de encontrar o destinatário de suposta propina movimentada em projeto de energia elétrica, de cerca de R$ 40 milhões, segundo a Receita Federal e a Polícia Federal. Por isso, a fase foi nomeada como ‘E o Vento Levou 2’. Segundo as investigações, a CEMIG, que é a estatal de energia de Minas Gerais, teria feito um aporte de mais de R$ 800 milhões a uma empresa de energia eólica, a Renova, que fechou um contrato superfaturado em R$ 40 milhões com a empresa Casa dos Ventos. A partir disso, ainda de acordo com os delegados, o dinheiro passou a ser utilizado em contratos fictícios para ser lavado.

Os investigadores descobriram que parte desse dinheiro chegou às mãos de pessoas ligadas ao PT de Minas Gerais e da Bahia e ao PSDB de Minas Gerais. “Basicamente, este escritório controlava diretamente ou indiretamente dezenas de empresas, mais de 20 empresas. Essas empresas, só para ter uma ideia, de 2013 a 2018, movimentaram R$ 3 bilhões e muitos sócios dessas empresas tinham profissões incompatíveis com a movimentação financeira. Por exemplo, cuidador de idosos, diaristas, mecânicos de bicicletas, serralheiros, coletores de lixo, limpadores de pisos, etc. ou seja, são empresas laranjas”.

Segundo Martinasso, “o dinheiro entrava nessas empresas controladas por esse escritório de advocacia e, a partir daí, o dinheiro era depositado por contas indicadas por doleiros”. “Então, o dinheiro ia para essas contas de pessoas jurídicas indicadas por doleiros e o dinheiro retornava depois já com o desconto da comissão dos doleiros. Retornava em espécie para o escritório de advocacia – escritório de lavagem de dinheiro. E a partir de então, o dinheiro era entregue para os beneficiários finais, condicionados em malas e mochilas. Os recursos eram entregues a pessoas ligadas a políticos de Minas Gerais e Bahia. Basicamente, era assim que ocorria a partir da terceira fase da lavagem.”

Victor Hugo Rodrigues Alves, delegado da PF, afirmou que foram instaurados dois inquéritos policiais. “Um reservado à apuração do dinheiro que foi para essas pessoas vinculadas ao PT da Bahia e outro inquérito de pessoas e empresas vinculadas ao PT em Minas Gerais”. Durante a coletiva, os delegados da PF chegaram a falar que existem provas que pessoas ligadas ao deputado federal Aécio Neves (PSDB) também teriam recebido esse dinheiro, mas que não existe nenhum indício de que o próprio Aécio Neves seria um dos beneficiários.

Agentes da PF e da Receita Federal visitaram endereços nas cidades de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Salvador, Lauro de Freitas, Milagres, na Bahia, e Nova Lima, em Minas Gerais. Os investigados deverão responder pelos crimes de associação criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, e falsidade ideológica, cujas penas, somadas, poderão resultar em 9 a 38 anos de prisão. Em nota, o PT afirmou que “o ministro Sérgio Moro está fazendo uso político da Polícia Federal contra o PT, até em investigações sobre tucanos”.

Ao G1, Pimentel disse que desconhece o motivo da quebra do sigilo telefônico | FOTO: Divulgação |

Quebra de sigilo telefônico
Durante a operação, a Justiça decretou a quebra do sigilo telefônico de Fernando Pimentel (PT), ex-governador de Minas Gerais e ex-ministro do Desenvolvimento no governo de Dilma Rousseff. Ao G1, Pimentel disse que desconhece o motivo da quebra do sigilo telefônico. “Não faço a menor ideia de porquê meu nome está incluído na relação de investigados. Até onde sabemos, a investigação cuida de fatos anteriores ao meu mandato de governador. Além do mais, eu não tive e não tenho qualquer relação com a empresa Renova, que é objeto do inquérito. Mas, enfim, no Brasil de hoje, nada deve nos surpreender, não é mesmo?”, disse.

Investigação
A ação é baseada em delação do doleiro Alberto Youssef, e é um desdobramento direito da fase mais recente, deflagrada em abril deste ano, batizada de “E o Vento Levou 1”. Segundo a Receita, o nome da fase da operação faz referência à participação das empresas do setor eólico que participaram do esquema. Durante as investigações, três pessoas delataram o esquema em acordo de colaboração firmado pelo Ministério Público Federal (MPF) e homologado pela Justiça.

Segundo a Receita, auditores-fiscais já identificaram que os operadores envolvidos também eram os autores de outros esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro. “Até o momento já foram abertos 140 procedimentos fiscais e lavrados Autos de Infração na ordem de R$ 269 milhões”, disse o órgão em nota.

O que dizem os citados
Em nota, a Cemig informou que está em total colaboração com as autoridades e que também tem interesse na rápida evolução dessas investigações.

A Casa dos Ventos esclarece que nem a empresa nem seus acionistas nem seus administradores foram objeto de investigação, busca e apreensão ou quebras de sigilos em nenhuma das fases da operação “E O Vento Levou”. “Por iniciativa própria, a companhia já vem colaborando, sob sigilo, com as autoridades na apuração dos fatos, ocorridos há mais de cinco anos”. A empresa Renova Energia SA. não se posicionou até a última atualização desta reportagem. As informações são do G1.

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