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#Polêmica: Porteiro do condomínio de Bolsonaro tem identidade revelada; família fala sobre medo de ser morto

Alberto Mateus insistiu na sua versão do acontecido, sem explicar a discrepância | FOTO: Reprodução/Folha |

Porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde fica a casa do presidente Jair Bolsonaro (PSL), teve sua identidade revelada esta semana pela revista Veja. Ele se chama Alberto Jorge Ferreira Mateus e mora na Gardênia Azul, bairro fincado em área dominada por milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Alberto Mateus ficou famoso, ainda sem nome nem endereço, na última semana de outubro, quando o Jornal Nacional divulgou os dois depoimentos dele à Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmando que no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado, um dos acusados pelo crime, o ex-policial militar Élcio Queiroz, parou na cancela do condomínio e lhe disse que ia visitar a casa 58, onde vivia seu mais famoso morador: o então deputado federal Jair Bolsonaro, candidato à Presidência.

A versão cairia por terra em menos de 24 horas. Ele mentira. À polícia, o porteiro contou que, enquanto Queiroz esperava na cancela, ele acionou o interfone e foi atendido por “seu Jair”, que autorizou a entrada. Anotou o endereço no livro de registro, como é de praxe, e abriu a cancela. Ao observar pelas câmeras de segurança que o carro não seguiu para o número 58, mas para o 65, falou pela segunda vez com “seu Jair”, que, sempre de acordo com o depoimento do porteiro, disse que sabia do desvio. Confrontado com uma gravação do diálogo arquivado no computador do condomínio, em que não havia nem menção à casa 58, nem comunicação com “seu Jair” e nem mesmo registro da sua voz, o porteiro que fala tem outro tom, Alberto Mateus insistiu na sua versão do acontecido, sem explicar a discrepância.

Alberto Jorge Ferreira Mateus mora na Gardênia Azul, bairro fincado em área dominada por milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro | FOTO: Reprodução/Veja |

O dono da casa 65 é o também ex-­PM Ronnie Lessa, o outro acusado de matar Marielle (Queiroz teria dirigido o carro e ele, puxado o gatilho). O encontro da dupla, quatro horas antes do crime, é peça crucial na reconstituição do caso. Ao envolver “seu Jair” no enredo, ainda mais em um dia em que o deputado estava comprovadamente em Brasília, como o próprio Jornal Nacional apontou, o porteiro criou uma enorme confusão, por motivo até agora não esclarecido, já que não voltou a ser convocado pela polícia para dar explicações.

Aparentemente tranquilo nos dias seguintes aos seus depoimentos, prestados em 7 e 9 de outubro, durante seu período de férias, ele foi ficando nervoso à medida que a repercussão crescia. Deveria ter voltado ao posto em 1º de novembro, mas, diante da divulgação do depoimento três dias antes, o condomínio optou por prorrogar a licença e mantê-lo afastado do local até a poeira baixar. Segundo familiares, o porteiro está “feito um animal acuado”.

Quem, afinal, atendeu Queiroz quando ele parou na cancela? Até a última quinta-feira (7), a polícia não tinha ido atrás dessa informação, mas a Veja afirma que foi o porteiro Tiago Izaias. A reportagem reproduziu para ele o áudio divulgado por Carlos Bolsonaro. “A voz é minha”, confirmou. O procedimento normal no Vivendas da Barra é manter dois porteiros na entrada, um na cabine e outro na cancela, mas Izaias diz que não se recorda com quem trabalhava no dia 14 de março de 2018. “Não lembro nem se estava dentro ou fora. A coisa toda aconteceu há tempos, e são muitas casas e visitantes o dia inteiro.”

Izaias contou que, ao saber do depoimento do colega, tentou falar com ele por aplicativo de mensagem, para obter “a informação verdadeira”, mas não recebeu resposta. “Todos aqui no condomínio ficaram surpresos por ele ter ligado o presidente a um crime gravíssimo. Pode ser que estejam usando o Alberto”, arriscou Izaias, que ostenta orgulhoso uma foto ao lado do político em suas redes sociais. No condomínio francamente bolsonarista, o próprio Alberto não escondia sua simpatia pelo presidente. Jornal da Chapada com as informações da Revista Veja.

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