O adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocupou debates centrais na Bahia e, em Salvador, o vereador Luiz Carlos Suíca (PT) criticou a manutenção das provas pelo Ministério da Educação (MEC) para este ano em plena pandemia causada pelo o novo coronavírus. Para o edil, a medida pode aumentar ainda mais a desigualdade no setor de educação e o distanciamento de quem lutar para entrar numa universidade. “É mais um ato criminoso desse governo de Bolsonaro. Quer aumentar o distanciamento da educação para estudantes pobres. Os afetados neste processo são os filhos de agricultor, que sonham em aprender uma profissão para quebrar o ciclo da pobreza, quem sofre são os negros, os moradores de comunidades rurais, que não têm acesso à internet e que vêm seus trabalhos sendo sabotados pelo governo”, critica Suíca.
Para o vereador, a medida segue o desmonte das políticas públicas no setor de educação, onde recursos foram congelados ou cortados e onde houve fechamento de unidades escolares em comunidades do campo, dificultando o acesso à educação. “Vai aumentar essa distância. É o que o governo quer, deixar o povo no ostracismo, querem o dinheiro das inscrições para fazer politicagem. Esse ministro [Abraham Weintraub] é um mentecapto, é difícil aceitar que ele esteja no comando da educação”, declara. Suíca ainda completa dizendo que o modelo aplicado no Brasil para acesso a universidade é também utilizado em vários países. “A peculiaridade aqui é que essa ferramenta possibilita que os negros e pobres façam um curso superior. E, a partir do momento que se mantém o Enem, essa parte da população, inclusive rural, se distancia desse sonho”.
Suíca frisa que “quem está nas filas para receber auxílio emergencial são pais e mães desses estudantes” e que o governo deveria considerar que o “Enem é a principal forma de ingresso de milhares de estudantes brasileiros, seja por cotas, bolsas de estudo ou financiamento em unidades públicas e privadas do país”. Provocado por grupos da Bahia, o edil petista defende o protesto virtual marcado para esta sexta (15), pela União Estadual dos Estudantes da Bahia (Uees-BA). O grupo reafirma que “a educação precisa ser repensada, mas por pessoas que as vejam como ferramenta de transformação social, de investimento prioritário para desenvolvimento do país e não como gasto”. Até o Tribunal de Contas da União (TCU) deu parecer favorável pelo adiamento do exame. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, terá cinco dias para se manifestar. As informações são de assessoria.