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Produção de lixo diminui no Brasil durante pandemia, revela pesquisa

A pesquisa aponta que a produção do lixo hospitalar também caiu 15,6% | FOTO: pixabay.com |

O Brasil produziu 7,25% menos resíduos domésticos no mês de abril 2020, período em que as medidas de isolamento social ganharam força no país como arma no combate à pandemia do novo coronavírus. Os números foram divulgados em um levantamento realizado pela Associação Internacional de Resíduos Sólidos no Brasil (ISWA) e pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Os dados foram obtidos em uma pesquisa realizada com um grupo de que representam 60% dos serviços privados de limpeza urbana das cinco regiões do país.

Na direção contrária de outros países, a pesquisa aponta que a produção do lixo hospitalar também caiu 15,6% no Brasil. Uma das explicações para essa retração pode ser a dificuldade das equipes de saúde em identificar e segregar os resíduos de saúde adequadamente para o descarte apropriado. Caso esta seja a explicação, pode haver um maior risco à saúde pública decido da contaminação do meio ambiente e de pessoas por estes resíduos potencialmente perigosos.

De acordo com o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, a geração de resíduos está atrelada ao poder aquisitivo da população e que as decisões de compra dos consumidores do são influenciadas pela instabilidade e pela retração econômica, como a conjuntura da pandemia no novo coronavírus impõe ao Brasil e ao mundo. Neste panorama, Projeções da Comissão Econômica para América e Caribe das Nações unidas (Cepal), a pandemia pode elevar drasticamente o número de sul-americanos na linha da extrema pobreza, aumentando este contingente atual de 67,5 milhões de pessoas para 90,8 milhões.

Reciclagem e logística reversa também são impactadas pelos efeitos da covid-19
Ainda segundo a pesquisa da Abrelpe e ISWA, a coleta de materiais recicláveis registrou um crescimento entre 25% e 30%. Mas, com a paralisação da triagem, cooperativas de reciclagem e da circulação de catadores autônomos nos municípios em que a atividade não foi classificada como essencial, estes resíduos que poderiam ser reciclados e monetizados acabam indo parar nos aterros sanitários e lixões.

A restrição à circulação de pessoas também prejudica a logística reversa de embalagens e outros matérias que deveriam retornar aos fabricantes. Marco Antônio Cattini Filho (31) está acumulando diversas cápsulas plásticas de café e pilhas em sua casa. “As lojas do café que recebem as cápsulas usadas para tratamento especial do material estão todas fechadas e também não posso ir aos pontos de coleta de pilhas e baterias do bairro por causa da quarentena” conta o engenheiro civil de São Paulo. “Ainda não sei quando vamos conseguir encaminhar isso ao fabricante para seu processamento adequado”, explica Marco.

A logística reversa desses e outros materiais como pneus, lâmpadas, baterias, embalagens de agroquímicos e óleos, componentes eletrônicos, entre outros materiais que devem retornar aos seus fabricantes está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei nº 12,305 de 2010). A lei que discorre sobre o tratamento de resíduos no Brasil também estipulou o fim dos lixões no Brasil para o ano de 2014, mas a medida ainda não saiu do papel e o prazo foi prorrogado diversas vezes, com nova data limite para 2023.

As empresas que precisam se adequar ao à logística reversa, parte do plano de gerenciamento de resíduos sólidos estipulados pela PNRS podem contar com assessoria especializada até lucrar com a venda de seus resíduos de produção. A startup mineira VG Resíduos, que recentemente conquistou o Certificação B de avaliação de Impacto, desenvolveu uma plataforma que aproxima tratadores especializados interessados em determinados tipos de materiais às empresas geradoras destes resíduos, fomentando um mercado que favorece as duas pontas da cadeia produtiva.

Outra iniciativa que ajuda a fomentar a reciclagem é o Cataki, aplicativo desenvolvido para conectar pessoas aos catadores que recolhem o lixo doméstico reciclável. De acordo com o site da organização, os catadores, mesmo autônomos e não tendo seus esforços reconhecidos, são os responsáveis pela coleta de 90% de todo o material reciclado do Brasil. As informações são de assessoria.

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