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#Bahia: Rui Costa e ACM Neto falam dos esforços contra a covid e sobre reabertura do comércio em evento simbólico do 2 de Julho

Evento simbólico marcou a data magna da Bahia em Salvador | FOTO: Divulgação/G1 |

Em coletiva realizada durante evento simbólico em comemoração ao Dois de Julho, na manhã desta quinta-feira (2), o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o governador da Bahia, Rui Costa, destacaram os esforços empreendidos na batalha contra o coronavírus. O estado já registra 76.485 casos confirmados da Covid-19, com 1.902 mortes em decorrência da doença.

“Hoje fazemos uma homenagem a uma grande batalha que significou não só a independência da Bahia, mas também do Brasil, que se materializou com a luta do povo baiano. Só que hoje o povo baiano vive outra batalha, uma batalha contra um ser invisível, que a ciência ainda busca explicar o seu modus operandi. Explicar a razão de que em algumas pessoas os sintomas são leves, e em outras, mesmo pessoas jovens, é letal, mata rapidamente, em poucos dias. Isso traz um trauma gigantesco. A batalha no Brasil é longa demais, nosso país não escolheu a estratégia correta, minimizou o adversário. E toda vez que você minimiza o adversário, seja na guerra, seja no esporte, você tende a ser derrotado. Quem entra de sapato alto, exércitos que enfrentam países mais frágeis e cantam vitória antes da hora, saem derrotados. Entre os ensinamentos que esse vírus traz, fica esse, que não é possível minimizar o valor da vida humana”, disse Rui Costa.

“Nesse momento atípico, não posso deixar de ficar triste. Para quem vive esse momento, ver as ruas vazias, que não podemos estar na rua comemorando. Espero que a gente use o dia para refletir como podemos vencer essa pandemia, já que é um dia que comemora uma outra batalha que vencemos”, completou o governador.

O prefeito de Salvador, ACM Neto, homenageou os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Segundo dados da Secretaria de Saúde do estado (Sesab), 9.005 trabalhadores da área foram contaminados pela doença na Bahia desde o início da pandemia.

“É um Dois de Julho completamente atípico. Vejam o drama que nós todos, em Salvador e na Bahia, estamos vivendo. De certa forma, é um momento histórico. No passado, os heróis lutaram pela nossa independência, da independência do país. Hoje, no presente, temos muitos heróis em luta. A batalha é outra. Não é de armas, enfrentamento físico, que traz sangue e vitima a vida das pessoas. A batalha hoje está sendo travada nos leitos hospitalares, nos 163 bairros dessa cidade, nos 417 municípios da Bahia. Neste momento não podemos deixar de homenagear os heróis do presente. Os profissionais da saúde, que estão na linha de frente, arriscando a vida para salvar a do próximo”, destacou o prefeito.

“Todos estamos acostumados no Dois de Julho a atravessar no meio de uma multidão, da Lapinha até a Praça da Sé, ou ao Terreiro, para quem encerra o desfile um pouco antes. Os grandes eventos da Bahia pressupõem isso. Junção de pessoas, aglomeração de gente. É uma característica do nosso povo. Nesse momento, nós todos precisamos desse gesto simbólico, mostrar que a forma da gente melhor homenagear a todos que lutaram pela nossa história é respeitando a distância, entendendo que nesse momento a proximidade pode matar. Por isso, aqui minha homenagem ao Dois de Julho, a todos nossos heróis do presente. Principalmente para aqueles que estão lutando para salvar a vida dos baianos e soteropolitanos”, complementou.

Reabertura do comércio
Desde o último fim de semana, Rui Costa e ACM Neto conversam para definir um protocolo conjunto com regras para a flexibilização do comércio. Na terça-feira, o prefeito prorrogou até o dia 7 o decreto que impede o funcionamento de estabelecimentos não essenciais. A expectativa é de que prefeitura e governo anunciem o plano de retomada da economia nos próximos dias.

Porém, governador e prefeito afirmaram que a pressão por uma flexibilização imediata das atividades comerciais ainda é exercida por entidades que representam lojistas baianos.

“Ontem recebi uma correspondência da Federação do Comércio pedindo que abra o estado. Qual o limite de mortes que temos que aceitar para abrir tudo de qualquer jeito? É aceitável 1,5 mil mortes por mês. Fica parecendo que aqui tem autoridade que decide sozinha o futuro das pessoas. O que a população baiana quer? Admitir 3 mil mortes por mês? Se abrir, vai dobrar. Uma semana depois, vai dobrar o número de mortes. Não podem dizer que não sabem o que vai acontecer”, ponderou Rui Costa.

O posicionamento do governador foi reforçado pelo do prefeito ACM Neto, que pontuou que a abertura do comércio sem protocolos pré-definidos pode resultar no colapso do sistema de saúde.

“Ontem tive uma reunião com representantes comerciais. Atualizei as informações, expus o cenário. Aliás, é uma prática que venho procurando adotar desde o início da pandemia. Diálogo, abertura para ouvir os argumentos, e também apresentação de todas as informações que estão pautando as decisões da prefeitura. Informei que estamos em um processo de diálogo diário com o governo do estado. Qual é a base fundamental das nossas decisões? Impedir o colapso no sistema de saúde em Salvador. Todas as decisões que tomamos de 13 de março para cá, quando editamos o primeiro decreto municipal, foram nesse sentido”.

“O que pode haver de pior, de mais grave, em Salvador, é multiplicar o número de pessoas precisando de internação hospitalar, procurando UPA’s e hospitais, mas encontrando as portas fechadas por falta de leitos. Aí vai acontecer o que aconteceu em muitas cidades do Brasil e do mundo, inclusive em países ricos, que é mais doente do que leito para atender às pessoas. Quem paga por isso são os mais pobres, que têm condições menores de se defender”, concluiu.

Na Bahia, dos 2.284 leitos disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivos para coronavírus, 1.427 possuem pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 62%. No que se refere aos leitos de UTI adulto e pediátrico, dos 916 leitos exclusivos para o coronavírus, 720 possuem pacientes internados, compreendendo uma taxa de ocupação de 79%. Texto extraído do G1.

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