Moradores da zona rural do município de Piatã, localizada na Chapada Diamantina, reforçaram a denúncia contra mineradora por poluir nascentes de rios locais e por lançar no ar um resíduo em pó, que tem causado problemas respiratórios na população. Além disso, os denunciantes também apontam para a poluição sonora no local. As comunidades de ‘Mocó’ e ‘Bocaina’ são as localidades afetadas e têm vivido momentos delicados com a atividade de mineração da empresa ‘Brazil Iron’, conforme publicação de 18 de setembro do Jornal da Chapada (leia aqui).
Residentes da região que pediram para não ser identificados, informaram ao portal G1, que as atividades extrativistas no local existem há cerca de nove anos. Mas que a partir de 2018, as atividades foram assumidas pela mineradora ‘Brazil Iron’, que desde então têm causado transtornos para a população. “Nós estamos respirando poeira com resíduos de pó de mineração dia e noite. As comunidades consomem a água das nascentes que estão recebendo a lama das carretas e os resíduos de pó com ferro. Algumas pessoas estão deixando de plantar suas hortaliças com medo da contaminação. Muitas vezes as plantas amanhecem com gotas pretas do pó de ferro”, contou uma moradora.
A mineradora fica no ponto mais alto da zona rural da cidade, o que facilita a propagação dos resíduos pelo ar e a contaminação dos rios locais. As nascentes mais afetadas são as do Rio da Bocaína, que é um afluente – ou seja, um rio menor –, que direciona água para o Rio das Contas, com cerca de 620 quilômetros de extensão e corta o município chapadeiro. Ele é o principal da bacia de mesmo nome, além de ser uma das maiores da Bahia. Os moradores relatam que além desse problema, a comunidade tem sofrido com a poluição sonora, uma vez que a empresa trabalha sem interrupção, gerando um grande barulho por causa do maquinário.
“Como eles trabalham 24 horas por dia, a quantidade de poeira é enorme, a poluição sonora é enorme. E chegou em um momento que a gente não está mais suportando”, desabafou a moradora. Os habitantes contam que já houve reuniões com representantes da mineradora, e que fizeram promessas de melhoria, mas, só foram cumpridas por um curto espaço de tempo. “Há uns dois meses a gente se reuniu e conversou com o gerente da mineração. Eles [empresa] prometeram que iam molhar as estradas, porque é obrigatório eles fazerem isso, que iam abrir poços para aumentar a quantidade de água que iriam fazer isso. Passaram muita confiança, muita promessa, porém ficou em torno de uma semana”, lembra uma das moradoras.
Em agosto, o grupo voltou a se reunir com representantes da empresa, que sempre pedem uma prorrogação de prazo para resolver o problema da comunidade. “No mês passado, a representante da ‘Brazil Iron’ entrou em contato com o presidente da associação aqui da ‘Bocaína’, para pedir que fizessem uma reunião, que ela iria vir para conversar com a gente a respeito do pó. Ela pediu a gente o prazo de oito dias para apresentar uma proposta de solução, demos os oito dias. Depois disso, ela pediu mais 30 para cada proposta. Por exemplo: a questão da poluição sonora, ela pediu 30 dias; a questão da poeira nas casas, pediu 30 dias. Porém são prazos enormes. A gente já deu tantos prazos a eles, e essa situação está horrível”.
Outro lado
A reportagem do Jornal da Chapada entrou em contato com a mineradora, e sua assessoria de comunicação respondeu por meio de nota direcionada às comunidades de ‘Mocó’ e ‘Bocaina’, informando que foi realizada no dia 11 de setembro uma reunião formal com a maioria dos moradores da ‘Bocaina’, na qual ocorrências e reivindicações relatadas foram levadas a gestores e diretores da empresa. A partir das demandas “foi elaborado, pelos diversos setores da empresa, planos de ações para que as problemáticas levantadas pela comunidade sejam imediatamente amenizadas e, no decorrer das instalações dos projetos, essas intempéries sejam sanadas”.
No último domingo (27), a população fez uma manifestação no local, pedindo que a ‘Brazil Iron’ tome providências pela situação. A população já entrou em contato com a prefeitura da cidade por meio da secretaria de Meio Ambiente do município. Além disso, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) também já foi acionado. Por meio de nota ao jornal G1, a Secretaria de Meio Ambiente de Piatã informou que está acompanhando a situação e solicitou ao Inema uma fiscalização, que já foi feita. A secretaria ainda disse que aguarda o relatório do instituto para tomar providências com relação à mineradora. Jornal da Chapada com informações do portal de notícias G1.