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#Brasil: Após gritar “Fora, Bolsonaro”, jogadora de vôlei é advertida e está livre para voltar a jogar

Carol Solberg começou a jogar vôlei na praia ainda criança | FOTO: Divulgação |

Em julgamento virtual realizado na tarde desta terça-feira (13), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Voleibol apenas advertiu a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg por ter gritado “Fora, Bolsonaro” após uma partida. A atleta corria o risco de receber pena máxima pela manifestação política, que poderia chegar a seis jogos de suspensão mais pagamento de multa no valor de R$100 mil.

No julgamento, entretanto, os auditores a absolveram na denúncia de que ela teria infringido o artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) ao “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código”. A atleta foi condenada, contudo, por ter infringido o artigo 191, que se refere a “deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição”, com pena de multa de R$500 a R$1000, que foi convertida em advertência.

Carol Solberg, portanto, poderá voltar a jogar, mas ficará vetada de fazer manifestações políticas. “Não tenho nada contra a CBV. Elogiei tudo, me senti acolhida, protegida, não quis ofender Banco do Brasil, CBV de forma alguma. Não me sinto nem um pouco arrependida. Acredito na minha liberdade de expressão, vi os meninos do vôlei, do futebol, que têm opiniões contrárias à minha”, disse a atleta durante o julgamento.

Pouco antes da sessão virtual, a jogadora foi às redes sociais para falar sobre o assunto. “Exerci minha liberdade de expressão. Não feri ou desrespeitei nenhuma lei. Mas ainda assim posso ser punida e prejudicada”, havia publicado em seu Instagram.

Quem é Carol Solberg
Carol começou a jogar vôlei na praia ainda criança, aos 9 anos. Na época, ela frequentava a escola da mãe, a ex-jogadora Maria Isabel Barroso Salgado, que já se manifestou várias vezes contra o atual governo. Aos 11 anos, a atleta entrou para o time do Flamengo e, em 2002, jogou na seleção infanto-juvenil e foi campeã sul-americana.

Em 2003, ela passou a jogar com a irmã Maria Clara. Ao lado dela e com a mãe como técnica, foi vice-campeã do Circuito Mundial em 2013. As irmãs Salgado também foram vice-campeãs brasileiras das temporadas 2007 e 2014/2015. Em 2017, Carol foi eleita a melhor jogadora do Circuito Brasileiro.

O protesto da atleta aconteceu em 20 de setembro, após ela e Talita Antunes terem conquistado medalha de bronze na primeira etapa do Circuito Brasileiro do ano, em Saquarema. Por causa da manifestação, feita durante entrevista ao SporTV, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram a ameaçá-la nas redes sociais. A própria Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) chegou a publicar comunicado registrando seu “repúdio à utilização dos eventos para realização de quaisquer manifestações de cunho político (…) atos como esse denigrem a imagem do esporte”.

Com a repercussão do caso, Carol lembrou que durante a Liga Mundial de Vôlei, em 2018, Wallace e Maurício Souza posaram para foto da seleção masculina fazendo o número 17 com os dedos durante a campanha de Jair Bolsonaro à presidência. Na ocasião, a CBV se manifestou contra, mas não agiu por respeito a liberdade de expressão. Redação do site da Revista Fórum.

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