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#Brasil: Coronel condenado pelo massacre em Eldorado dos Carajás morre aos 77 anos em Belém

Mário Colares Pantoja foi coronel da Polícia Militar no Pará | FOTO: Reprodução |

O ex-coronel da Polícia Militar Mário Colares Pantoja morreu na noite desta quarta-feira, 11, aos 77 anos. A causa da morte não foi informada. Ele ficou conhecido por ter sido um dos envolvidos no massacre de Eldorado dos Carajás. Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão pela morte de 21 trabalhadores sem-terra. O ex-coronel estava internado em um hospital particular em Belém quando morreu. Ele usava tornozeleira eletrônica, pois cumpria a pena em liberdade.

O massacre ocorreu no Sul do Pará em 17 abril de 1996. O comando da fatídica operação estava a cargo do, até então, coronel Pantoja, que foi afastado no mesmo dia, ficando 30 dias em prisão domiciliar, determinada pelo governador do Estado à época, Almir Gabriel (PSDB). No entanto, ele foi liberado logo depois, sendo preso novamente em 2012.

Após ter a prisão decretada pela Justiça do Pará, quando o oficial se apresentou ao Presídio Anastácio das Neves, no dia 7 de maio de 2012, ele alegou sofrer de arritmia cardíaca e ficou abalado com a prisão. Na ocasião, o coronel estava com 65 anos. Ele foi encaminhado, então, para um presídio que abriga apenas servidores públicos e policiais.

Dos 154 policiais denunciados pelo Ministério Público, apenas dois militares foram condenados a pena máxima por homicídio doloso: Pantoja (228 anos) e o major José Maria Pereira de Oliveira (158 anos). Após o episódio, os réus aguardaram em liberdade, por sete anos, o fim do processo por força de um habeas corpus concedido pelo ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, em 2005.

Um total de 155 policiais militares estiveram envolvidos na operação que deixou 21 camponeses mortos | FOTO: Reprodução/MST |

O caso
O massacre ocorreu, por volta das 17h, quando cerca de 1.100 sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) interditaram a rodovia PA-150, na altura da curva do “S”, em Eldorado dos Carajás (a 754 km de Belém), em forma de protesto. O objetivo era marchar até a capital Belém e conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem-terra.

Um total de 155 policiais militares estiveram envolvidos na operação que deixou 21 camponeses mortos, 19 no local e outros dois que morreram no hospital. No confronto, mais de 70 trabalhadores ficaram feridos. A PM usou bombas de gás lacrimogêneo e atirou contra os manifestantes, que estavam com crianças e idosos durante o confronto.

Três meses antes do massacre, em 5 de março de 1996, as famílias haviam ocupado a fazenda Macaxeira – em Curionópolis, município vizinho a Eldorado – e buscavam negociação com Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para iniciar o processo de desapropriação da terra improdutiva. Depois do massacre, 17 de abril se tornou o Dia Mundial da Luta pela Terra. Já a fazenda Macaxeira foi desapropriada e se tornou o assentamento 17 de Abril. O texto foi extraído na íntegra do Portal Terra.

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