Após a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar a decisão da Segunda Turma da Corte que reconheceu a suspeição do ex-juiz Sergio Moro por quebra de imparcialidade em sua atuação nos processos contra o ex-presidente Lula, os ânimos se exaltaram na corte. Os ministros Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso trocaram farpas e o presidente do STF, Luiz Fux, teve que encerrar a sessão.
Barroso interrompeu uma fala em que Mendes criticava o fato de o plenário apreciar a possibilidade de derrubada da decisão da suspeição, definida na Segunda Turma da Corte em 23 março. Na votação desta quinta, a tese de Gilmar, de que não poderia ser derrubada a decisão, prevaleceu. O outro magistrado foi contra.
“Se falou em conflito de competência entre a turma e o plenário…”, disse Gilmar. “O conflito não foi entre a turma e o pleno, foi entre o relator e pleno”, interrompeu Barroso. “Então eu quero também aprender essa fórmula processual”, indagou Gilmar, já irritado.
Barroso: “Vossa Excelência manipulou a jurisdição e acha que pode ditar regra pros outros”
Gilmar: “Vossa Excelência perdeu” pic.twitter.com/xsclpxXAri
— Allan dos Panos (@allandospanos) April 22, 2021
Começou, então um bate-boca. “Eu estou dizendo juridicamente, não precisa vir com grosserias”, disse Barroso. “Talvez isso exista no ‘Código Penal do Russo’ [referência ao ex-juiz Sergio Moro]. Aqui não!”, retrucou Gilmar. “Existe no código do bom senso”, respondeu Barroso.
A discussão continuou e o ministro vencido disse o seguinte: “Vossa Excelência manipulou a jurisdição e acha que pode ditar regra pros outros. Vossa Excelência esperou a aposentadoria do ministro Celso”. Eis que Gilmar retruca: “Vossa Excelência perdeu”. “O moralismo é a marca da imoralidade”, disse ainda Gilmar. A redação é do site da Revista Fórum.