“Porque que ele não chamou a polícia?”. Esse foi o questionamento feito por Dionésia Pereira Barros, mãe de Bruno Barros, de 29 anos, e avó de Yan Barros, de 19 anos, que foram cruelmente torturados e assassinados por traficantes de Amaralina. Ela se mostrou revoltada com o acontecido.
Familiares e amigos dos jovens que foram assassinados após tentativa de furto no Atacadão Atakarejo, na última segunda-feira (26), em Salvador, realizaram uma manifestação na sexta-feira (30), em Fazenda Coutos, bairro onde eles moravam e, em seguida, na frente do supermercado.
“Matar meu filho, o que foi que meu filho fez? Meu filho morreu com fome porque não teve coragem de me pedir comida, ele não morava comigo, não. As meninas estão aí de testemunha. ‘Tia, estou com fome’. ‘Vai pedir a sua mãe’. Porque ele não era de comer assim, sabe?”, disse a mãe.
Em outro momento ela disse: “Eu estou passando muito mal, mas eu vou falar. Eu quero perguntar a eles, minha filha, se eles viram alguma escopeta lá junto daquelas carnes. Eu sei que meus filhos erraram, mas eles não eram Deus para entregar meu filho para morte. O segurança do mercado deu meu filho para a morte, deu de bandeja para o Satanás”.
A família relatou que após o furto, Bruno ligou para uma amiga e pediu dinheiro para pagar pelas carnes que foram furtadas. “Se ligue, rodei no Nordeste aqui, vê se desenrola R$700 reais para pagar as carnes que peguei aqui, ‘Beição”, disse o jovem no áudio. O pacote de carne de charque com 5kg custa R$188,90, os quatro pacotes de carne de charque que juntos custavam R$755,60.
A mãe do rapaz de 19 anos, Elaine Costa, disse que “não dava nem para reconhecer a cara do meu filho”. Ela informou que o rosto do filho estava transformado e reconheceu o corpo através das mãos e dos pés.
“Chegaram a ser agredidos pelos seguranças, tomaram um monte de bicuda [chute], depois ele [Yan Barros] fez uma ligação pelo WhatsApp, o meu filho chorava muito, chorava muito, disse que ele estava tomando muita porrada pelos seguranças”, disse Elaine.
“Chegaram a falar que não ia ter mais chance mais. E aí foi que o tio dele ligou para a irmã de consideração dizendo: ‘Já estou sendo entregue para os marginais’. Então eles já foram já entregando eles dois, então não deu a chance de meu filho ser julgado pela justiça”, contou.
De acordo com ela, Bruno pediu aos familiares por telefone que chamassem a polícia. Ela informou que denúncia foi realizada pelo Disk Denúncia, mas a policia não chegou a tempo de evitar o assassinato dos jovens.
Durante uma entrevista à TV Bahia, uma testemunha, que preferiu não se identificar, contou que viu o tio e sobrinho serem torturados por um segurança do supermercado e que em seguida viu o momento que eles foram entregues aos homens armados, supostamente traficantes de Amaralina. Jornal da Chapada com informações do G1.