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#Chapada: Curta que aborda encontro de parteiros do Vale do Capão ganha prêmio de melhor documentário em festival

Filme exibe o encontro da parteira Áurea e o médico Áureo | FOTO: Divulgação |

O curta-metragem intitulado ‘Áurea’, que conta com 13 minutos de duração, ganhou o prêmio de melhor documentário no Festival de Cinema de Muriaé e foi disponibilizado no site do festival até o final de junho. O filme exibe o encontro da parteira Áurea e o médico Áureo, duas sabedorias que se fundem com o conhecimento tradicional dela e o pensamento científico dele e que juntos fizeram mais de 100 partos domiciliares na comunidade do Vale do Capão, distrito de Palmeiras, na Chapada Diamantina.

De acordo com a diretora do filme, Hewelin Fernandes, a ideia do documentário surgiu quando ela chegou no Vale do Capão em 2018. “Incialmente era um projeto de longa-metragem, veio então a intuição de fazer um curta-metragem e encontrar um recorte dentro desse tema que é grande”, disse.

“Não faço filme para ganhar prêmios, por outro lado, o prêmio é um reconhecimento de um trabalho que foi pensado por tantos anos e realizado por uma equipe competente e carinhosa”, ressaltou.

História
A parteira Áurea Oliveira dos Santos, de 94 anos, nasceu no Vale do Capão. Ela aprendeu a arte de partejar com as vizinhas e amigas e não sabe quantas crianças vieram ao mundo amparadas pelas suas mãos. Agora, ela já não faz mais partos por conta da idade, mas é muito reconhecida na Vila, tem até rua com o seu nome.

Áureo Augusto de Azevedo, de 68 anos, também não faz mais partos. Ele nasceu em Salvador, se formou na Faculdade de Medicina da Ufba, se mudou para o Vale do Capão na década de 1980, e é reconhecido pela comunidade como parteira, no gênero feminino. “Quando cheguei eu era o único médico e elas nunca tinham visto uma parteira homem”, conta Áureo. Em 2017 ele recebeu do Ministério da Saúde o título de Comendador da Ordem do Mérito.

Segundo o Fundo da População das Nações Unidas (UNFPA), as parteiras treinadas oferecem cuidados para milhões de mulheres e recém-nascidos de baixo risco pelo mundo, antes, durante e após o parto. Ainda de acordo com o UNFPA, as parteiras poderiam ajudar a salvar mais de 200 mil vidas maternas por ano, além de evitar três milhões de mortes de crianças antes de quatro semanas. No Vale do Capão, 90% dos partos são realizados em casa, segundo dados da Secretaria de Saúde de Palmeiras.

Projeto
Esse projeto foi contemplado pelo Edital Setorial de Audiovisual de 2019, e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.

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