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#Chapada: Êxodo para a região chapadeira cresce com a pandemia e corretores afirmam aumento da demanda por compras de terrenos

O Vale do Capão, em Palmeiras, é um dos locais mais procurados | FOTO: Diego Araújo/Facebook |

Viver na capital de Londres e ir para o Vale do Capão, na Chapada Diamantina. Uma mudança “brusca”, mas que foi optada pelo casal Frederico e Fernanda. Eles chegaram no distrito de Palmeiras no dia 23 de dezembro de 2020, em fase de pleno êxodo urbano para cidades da região chapadeira.

Dentre os locais mais procurados para quem chega na região estão o Capão e Mucugê, conforme corretores, que informam que as pessoas chegam, geralmente, apelando por uma vida mais tranquila e próxima a natureza – crescimento populacional perceptível por moradores.

Fernanda, a soteropolitana que trocou Londres pelo Capão com o marido, costuma dizer que está “desacelerada”. Há oito meses, eles desconhecem trânsito, estão a no máximo 15 minutos dos compromissos e não se importam se tem ou não sinal no celular. Ambos planejaram a mudança após decidirem que não queriam mais viver confinados em apartamentos, carros e trabalhos.

“Ganho bem menos, mas nada paga o que temos”, diz Fernanda, que está grávida e pretende cuidar do filho na cidade. Nativa do capão, a corretora Betânia Rodrigues, 39, conta que recebe até 20 ligações por dia de pessoas interessadas em comprar lotes ou casas no distrito, onde até 2010 moravam 2,3 mil pessoas, calcula o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto de 2020, Betânia notou o aumento da demanda. “Às vezes nem eu dou conta de tanta procura”, diz.

Em Mucugê, em oito meses, as 14 unidades de um village lançado no centro da cidade foram compradas | FOTO: Divulgação |

Perto da Vila, o metro quadrado no Capão custa R$1,5 mil e casas prontas são vendidas até na cifra do milhão. Mais distante, o preço cai para até 50 reais. “Conheço umas cinco pessoas que deixaram de vender porque viram que a era vantagem esperar, porque estava valorizando o imóvel. A procura cresceu muito porque as pessoas quiserem deixar de viver trancadas”, pontua.

Já em Mucugê, em oito meses, as 14 unidades de um village lançado no centro da cidade foram compradas. O preço chegava a R$389 mil. “Mucugê, fora os atrativos naturais, tem uma vida supertranquila, restaurantes, cafés, casinhas aconchegantes”, analisa Péricles Pereira de Jesus, 40, corretor que nunca viu uma procura tão alta por imóveis ou lotes na cidade, com uma população estimada em 8,8 mil habitantes pelo IBGE.

Com pessoas vindo, principalmente de Salvador, Vitória da Conquista e Feira de Santana, a coordenadora do mestrado em Economia Regional e Políticas Públicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Mônica de Moura Pires, explica que o êxodo urbano para a Chapada deve indagar como será o planejamento para que as cidades e distritos não sejam completamente modificados ou pressionados por um novo estilo de vida.

“As áreas sensíveis precisam ser identificadas e as prefeituras precisam se iterar disso. Impacto sempre vai haver, então é preciso tentar minimizar”, informa, ao acrescentar que outras pressões também devem ser questionadas, como as infraestruturas locais, questões de saúde e educação, que também devem ser debatidas. Jornal da Chapada com informações do texto base do Correio 24 horas.

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