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#Chapada: Geógrafo conhecido por ‘Saci Trilheiro’ mostra superação durante trilhas na região; “Referência para outras pessoas com limitações”

Angelo deve voltar para fazer mais trilhas na Chapada | FOTO: Montagem do JC |

O geógrafo Angelo dos Santos, conhecido popularmente como ‘Saci Trilheiro’, de 44 anos, está exibindo superação em trilhas chapadeiras nas redes sociais. Ele teve um câncer agressivo, e por isso precisou amputar a perna há 27 anos, e em meio ao desafio, foi transformando suas experiências de forma significativa para a vida.

“Comecei a perceber que eu poderia ser referência para outras pessoas que têm alguma limitação física e estão inseguras a se aventurar em uma trilha”.

Se autodenominando como um personagem do folclore brasileiro, conhecer a região chapadeira era um sonho para ele, principalmente após começar a fazer trilhas mais longas e difíceis e visualizar frequentes registros nas redes sociais de pessoas na Chapada Diamantina.

Para ele, tudo isso apenas aumentou a sua vontade de conhecer o local. Sua visita iniciou no dia 17 de julho e se encerra nesta terça-feira (27). Trilhas sempre foi sua paixão.

De acordo com Angelo, ao exibir suas aventuras nas redes sociais, isso “motiva e encoraja” as pessoas a fazerem também. “Isso acaba me motivando ainda mais, porque é muito gratificante fazer o que gosto, compartilhar minha experiência e com isso, poder ajudar de alguma forma outras pessoas”, explica em entrevista ao Jornal da Chapada (JC).

Angelo se tornou uma referência com seus compartilhamentos nas redes sociais e a ausência de pessoas com limitações foi uma dificuldade para ele quando precisou amputar a perna.

“Não havia internet e não tinha nenhuma referência de pessoas que tinham superado um trauma como o que eu passei, me fez muita falta. Então hoje essa referência para pessoas que estão passando pelo que eu passei é muito gratificante para mim”, diz.

“Nos planejamos com bastante antecedência para fazer essa viagem. Nós estamos de férias e vamos ficar no total 10 dias”, conta ao acrescentar que já visitou os seguintes locais: Lençóis, Morro do Pai Inácio (Palmeiras), Cachoeira do Mosquito e Parque da Muritiba (Lençóis), Fazenda Pratinha e Gruta Lapa Doce (Iraquara), Poço Encantado (Itaetê), Mucugê, Cachoeira do Buracão (Ibicoara), Vale do Capão e Cachoeira da Fumaça (Palmeiras).

“Ainda vai faltar Vale do Pati, uma das trilhas mais famosas do Brasil que vai ficar para uma próxima oportunidade, mas queremos voltar. Está sendo fantástico conhecer aqui. A Cachoeira do Buracão impressionou muito, foi emocionante ir lá”, explica.

Vida
Com 17 anos, Angelo morava no sítio no interior do Paraná, no município de Ponta Grossa. Ele trabalhava na roça e aos finais de semana, jogava futebol e frequentava trilhas e cachoeiras. Neste momento, foi quando ele começou a sentir dores e inchaço na perna esquerda, constatando após averiguação médica, que ele tinha tumor na altura da virilha.

Ele tentou tirar o tumor, mas não conseguiu e precisou amputar. “Depois disso recuperei logo, usei prótese, voltei estudar, trabalhar. Mas no início de 1997 o tumor voltou. Tive que fazer tratamento com radioterapia, foram 40 sessões. A radioterapia afetou minha bexiga e intestino, tive que usar bolsa de colostomia e urostomia. A colostomia foi retirada em 2005, mas a urostomia não tem como retirar e vou usar pra sempre”, justificou.

Em 1999 ele começou a estudar para vestibular, e fez um curso de bacharel e licenciatura em Geografia na Universidade Estadual de Ponta Grossa. O curso foi concluído em 2003. “Decidi estudar mudou a minha vida, foi quando ocupei a mente com os estudos e metas para o futuro, que pensei menos na possibilidade de que o câncer poderia voltar e fui viver a vida”, completou o ‘Saci Trilheiro’.

Jornal da Chapada

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