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#Mundo: Conheça o jogador camisa 10 que se agarrou ao avião e morreu tentando fugir do Afeganistão

O jovem, pelo menos em seu perfil no Instagram, já não demonstrava mais conexão com o futebol | FOTO: Montagem do JC |

Zaki Anwari, jovem de 17 anos e um dos indivíduos que morreu ao tentar se agarrar a um avião para fugir do Afeganistão, era o camisa 10 da seleção de base de seu país e suas redes sociais refletiam uma vida tranquila. Contudo, a paz da sua vida desmoronou após a invasão de Cabul pelas tropas do Talibã.

“Anwari era um das centenas de jovens que queria deixar o país. Em um incidente, caiu de um avião militar americano e morreu”, disse a federação afegã de futebol de base. A federação ainda decretou luto pelo jogador e pediu orações pela família.

O jovem, pelo menos em seu perfil no Instagram, já não demonstrava mais conexão com o futebol. Se apresentava, inclusive, como ex jogador da equipe sub-16, da qual foi camisa 10.

Zaki nasceu poucos anos após a tomada do país pelas forças de coalização norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que expulsaram o Talibã e ergueram o regime democrático de Hamid Karzai, em 2001.

Portanto, ele nunca tinha obtido a experiência de viver sob um governo de raízes fundamentalistas. Ele vivia a rotina de uma pessoa que, vinda de uma família pobre de Cabul, tentava aliar os estudos com os sonhos, como o de chegar na seleção de seu país.

A categoria da faixa etária do atleta foi a que mais sentiu com a retomada de Cabul pelo governo fundamentalista. No Instagram, é possível ver traços da maior abertura cultural em relação ao ocidente sob a qual sua geração cresceu. Assim como vários jovens afegãos de sua idade, Zaki fazia diversas postagens em inglês.

Dentre suas postagens, uma que chama a atenção é a da foto do líder revolucionário Che Guevara: “Os homens são as ferramentas uns dos outros”, pontua a legenda. Outra postagem simbólica do jovem é o registro do exército afegão, com hashtags como #afeganistãolivre.

“Ele era gentil e paciente, mas como boa parte de nossos jovens, viu a volta do Talibã como o fim de seus sonhos e oportunidades esportivas. Não tinha esperança e queria uma vida melhor”, afirmou Aref Peyman, diretor de relações públicas da federação de esportes e do Comitê Olímpico do Afeganistão.

As leis impostas pelo Talibã envolvem cerceamento de direitos, em especial às mulheres. Além disso, o posicionamento contrário ao ocidente coloca em risco as carreiras dos esportistas locais, que cresceram em oportunidades com a globalização e a abertura do país no início dos anos 2000. Jornal da Chapada com informações de O Globo.

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