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#Bahia: Primeira cirurgia de marca-passo diafragmático do estado é realizada em criança

O paciente, antes da cirurgia, ficava praticamente o dia todo dependente de um aparelho para respirar, um suporte ventilatório nasal chamado CPAP | FOTO: Freepik |

Já pensou se sua respiração parasse repentinamente como se seu corpo “esquecesse” que precisa respirar? Agora imagine um marca-passo capaz de estimular o diafragma e imitar a ventilação pulmonar. Isso é possível. No Brasil, existe o registro de menos de dez cirurgias do tipo e Salvador agora faz parte desse universo: o primeiro implante de marca-passo diafragmático quadripolar da Bahia foi realizado em uma criança de 9 anos, no Hospital Santa Izabel.

O procedimento conduzido pela médica Maíra Kalil, cirurgiã torácica do grupo Cirtorax, teve participação essencial do cirurgião torácico Miguel Tedde, de profissionais da Finlândia e de São Paulo, que auxiliaram a regulagem eletrônica durante o procedimento, além da equipe multidisciplinar do Santa Izabel. O procedimento beneficiou um menino de 9 anos, portador da síndrome de Loeys-Dietz, doença autossômica rara que pode estar associada a aneurismas aórticos. A síndrome provocava no garoto problemas respiratórios como apneia, dificultando a respiração.

“O marca-passo diafragmático é uma estimulação externa, que mimetiza a ventilação natural, fisiológica. Isso reduz o índice de infecção respiratória e melhora a mobilidade do paciente, que ganha mais autonomia sem um aparelho respiratório conectado a ele o tempo inteiro”, explica a médica Maíra Kalil, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e membro executivo do Chest Wall International Group.

O paciente, antes da cirurgia, ficava praticamente o dia todo dependente de um aparelho para respirar, um suporte ventilatório nasal chamado CPAP. O uso constante da máscara, porém, passou a deformar os ossos da face e ele recebeu indicação para fazer uma traqueostomia – procedimento cirúrgico na região da traqueia (pescoço), com o objetivo de facilitar a chegada de ar até os pulmões. Sensibilizada pela situação, a cirurgiã que faria o procedimento avaliou se não havia mesmo outra solução.

“Me mobilizou porque era uma criança que já tinha limitações em relação ao movimento, que não podia caminhar por conta da necessidade de estar o tempo todo conectada ao ventilador. A traqueostomia é importante aliada para enfrentar inúmeras doenças, inclusive a covid-19, é um procedimento extremamente necessário e que deve ser avaliado dentro do contexto de cada paciente. Neste caso, identificamos que poderia haver outra forma de ter um suporte ventilatório, foi aí que veio a ideia do marca-passo diafragmático”, conta Maíra Kalil.

A cirurgiã explica que o procedimento tem indicação muito específica, não sendo recomendado para quem tem doença degenerativa ou qualquer tipo de síndrome que leve ao enfraquecimento muscular, assim como não é recomendado para quem não tem o sistema do nervo frênico íntegro. Após avaliação criteriosa, a especialista constatou não haver restrição e conversou com a mãe do paciente, que iniciou uma longa jornada judicial até conseguir o equipamento importado, ainda indisponível no Brasil.

“Este é um tratamento seguro e bastante promissor para pacientes com insuficiência respiratória”, afirma a especialista. “Pela evolução pós-cirúrgica e pelo perfeito ajuste fino do equipamento, não temos dúvida do acerto da decisão em optar por um dispositivo eletrônico diferenciado, que utiliza voltagens menores para diminuir a possibilidade de fadiga muscular e fazer com que o paciente responda melhor ao tratamento”, resume. Com informações de assessoria.

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