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#Chapada: Cineclube de Lençóis retoma as atividades neste mês de novembro com o filme ‘Medida Provisória’

Este ano as sessões de cinema irão acontecer também no distrito de Tanquinho, zona rural do município | FOTO: Divulgação |

As sessões de cinema a céu aberto no coração do município de Lençóis, na Chapada Diamantina, estão de volta com a edição 2022 do Cineclube Fruto do Mato. Este ano a programação contará com a Mostra Cinema Para Todas, de 8 a 10 de novembro, que privilegia filmes dirigidos e/ou protagonizados por mulheres, fazendo do audiovisual uma ferramenta de educação e formação de público com consciência crítica.

Desde 2017 a iniciativa promove a exibição de filmes, debates e oficinas audiovisuais no centro histórico do município, reforçando o compromisso com a democratização da linguagem cinematográfica no interior da Bahia. Mais de 50 filmes já foram exibidos ao longo dos últimos cinco anos, entre obras de ficção, documentários e animações, reunindo um público de mais de 2 mil pessoas no Teatro de Arena, no centro histórico de Lençóis. Este ano as sessões de cinema irão acontecer também no distrito de Tanquinho, zona rural do município.

A sessão de abertura será com o filme “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos, que trata de um futuro distópico, em que o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional. O Congresso então aprova uma lei que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. No elenco, estão Taís Araújo, Seu Jorge, Aldri Anunciação, entre outros grandes atores.

A programação do Cineclube Fruto do Mato contará ainda com filmes dirigidos por mulheres do próprio território da Chapada Diamantina, como é o caso de “Oré Payayá”, documentário dirigido pela liderança indígena Edilene Payayá, que conta a história de seu povo desde as origens ancestrais até o presente de lutas políticas e dos inúmeros desafios para a defesa do meio ambiente. Outro destaque da região é o filme “Áurea”, de Hewelin Fernandes, que mostra o encontro da parteira Áurea e o médico Áureo, que juntos fizeram mais de 100 partos domiciliares na comunidade do Vale do Capão, na cidade de Palmeiras. Além dos dois filmes, outras obras também irão trazer questões importantes como ancestralidade, colonialismo, memória cultural e temas religiosos.

O Cineclube Fruto do Mato, em sua mostra Cinema para Todas, é um projeto aprovado pelo Edital Setorial de Audiovisual 2019, do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). O evento é realizado pela Cinepoètyka Filmes e pelo Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô com apoio da TiVi Griô, Web TV e Cineclube de Jovens de Lençóis e da Prefeitura de Lençóis.

Confira abaixo a programação:

Dia 1 (08/11) – Sessão de abertura às 19h
– Medida provisória (FIC, RJ, 100min), de Lázaro Ramos.
Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional. O Congresso então aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Nesse apartamento, os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país. Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar. O longa é uma adaptação de “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011.

Taís Araújo em cena de ‘Medida Provisória’ | FOTO: Divulgação |

Dia 2 (09/11) – “Resistência e Ancestralidade” c/ presença da diretora Edilene Payayá às 19h
SESSÃO 1: Oré Payayá (DOC, BA, 15min), de Edilene Payayá.
Conta a história do povo Payayá desde as suas origens ancestrais até o presente de lutas e desafios, passando pelos tempos de diáspora. Os Payayá, originários do interior do estado da Bahia foram considerados extintos durante séculos e a sua cultura foi esquecida e desprezada pela versão oficial da história, contada pelos colonizadores. Porém os descendentes desse bravo povo guerreiro lutam pela afirmação da sua identidade e a retomada dos seus princípios étnicos. Havendo re-conquistado de forma pacífica parte do antigo território nas imediações da Cabeceira do Rio Utinga, o povo Payayá vive determinado na luta para subsistir como tal, unido pela cultura ancestral, buscando valorizar os recursos naturais e a vida na Chapada Diamantina e na Terra.

SESSÃO 2: Alágbedé – O Ferreiro dos Orixás (DOC, BA, 12min), de Safira Moreira.
O filme apresenta o caminho que Zé Diabo percorre no processo de feitura das ferramentas de orixá enquanto reocupa o seu arco recém reformado na Ladeira da Conceição da Praia.

– Muxima (DOC, BA, 9min), de Juca Badaró.
Dor, colonialismo e fé se misturam na maior manifestação religiosa de Angola.

Dia 3 (10/11) – “Memória e afeto”, com presença de diretora Hewelin Fernandes às 19h

SESSÃO 1: Ausência (Animação, SC, 3min), de Alexia Araújo.
Helena só sente a presença de uma coisa: a ausência de Marília.

– O Peixe (FIC, RJ, 11min), de Natasha Jascalevich.
Depois de acordar com a cama encharcada e “parir” acidentalmente um peixe, Hanako resolve preparar uma receita com o pescado para tentar encontrar um significado para o acontecimento bizarro.

– Irun Orí (DocFic, BA, 9min), de Juh Almeida.
Irun Orí é uma narrativa visual, documental e experimental que se apoia na poesia para trazer à luz um movimento de conexão diaspórica entre Brasil e Moçambique, buscando investigar o ato de trançar enquanto transmissão e preservação de valores ancestrais, geracionais e de afeto, e como importante instrumento de consciência política de espaço, corpo e cabelo, apontando novas dimensões para se pensar identidade negra e memória pelas vias da resistência e para além da estética.

SESSÃO 2 (Encerramento): Áurea (Doc, BA, 13min), de Hewelin Fernandes.
O curta-metragem reúne duas sabedorias que se fundem, o conhecimento tradicional da parteira Áurea com o saber científico do médico Áureo.

A parteira Áurea | FOTO: Divulgação |

OBS: Durante os três dias, teremos abertura com curtas produzidos pela TIVI Griô, cineclube e webTV gerida por jovens de Lençóis.

Serviço:
Eventos: Cine Clube Fruto do Mato
Onde: Teatro de Arena, centro histórico de Lençóis.
Data: 8 a 10 de novembro.
Horário: a partir das 18h30.

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