Uma famosa grife de luxo da Espanha está envolvida em um escândalo que vem causando revolta não só no mundo na moda, mas também nas redes sociais e entre artistas e influenciadores. Isso porque a marca em questão divulgou, no âmbito de uma campanha de presentes de final de ano, imagens de crianças em meio a objetos associados à prática do BDSM (sigla para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).
Trata-se da Balenciaga, que já foi alvo de críticas devido ao fato de, por exemplo, vender roupas e acessórios com aparência de “velhos” ou “destruídos” a preços absurdamente altos.
A campanha que vem gerando nova polêmica traz crianças segurando bolsas da Balenciaga que têm formato de ursinhos de pelúcia vestindo acessórios de BDSM. Esses ursinhos, inclusive, possuem marcas que lembram àquelas deixadas por agressão e, ao redor das crianças que servem como modelos, mais objetos ligados à práticas sexuais. Por isso, a grife vem sendo acusada de incitação ao abuso infantil e à pedofilia.
O caso, diante da revolta gerada, criou uma crise na empresa. A modelo e influenciadora Kim Kardashian, que é embaixadora da Balenciaga, foi às redes sociais nesta segunda-feira (28) para se pronunciar e informar que vai “reavaliar” sua relação com a empresa.
“Como mãe de quatro filhos, fiquei abalada com as imagens perturbadoras. A segurança das crianças deve ser a maior consideração, e qualquer tentativa de normalizar o abuso infantil de qualquer tipo não deve ter lugar em nossa sociedade”, disse Kardashian, considerada uma “gigante” das redes sociais.
A polêmica repercutiu também entre influenciadoras brasileiras, entre elas a atriz GKay, que estava sendo cobrada por seus seguidores pelo fato de usar roupas da Balenciaga. “Faço as palavras da Kim as minhas, foi um erro inenarrável essa campanha, e não é porque gosto da marca que irei defender! Não sou a favor e nunca serei de algo tão absurdo assim!”, escreveu em seus Stories do Instagram.
Além das fotos das crianças, a acusação de incitação ao abuso infantil foi reforçada por conta de uma outra campanha da Balenciaga que trouxe foto de uma bolsa da marca junto a um documento da Suprema Corte dos Estados Unidos que trata sobre pornografia infantil. Diante da péssima repercussão, a Balenciaga removeu as imagens das campanhas, pediu desculpas e anunciou algumas providências.
“Nós gostaríamos de explicar as controvérsias sobre nossas campanhas mais recentes. Nós condenamos fortemente o abuso infantil; nunca foi nossa intenção incluir isso em nossa narrativa. As duas campanhas em questão refletem uma série de erros graves que a Balenciaga assume responsabilidade”, diz um trecho da nota da grife. Com informações da Revista Fórum.
Leia a íntegra do comunicado da Balenciaga:
“Nós gostaríamos de abordar as controvérsias a respeito de nossas recentes campanhas. Nós fortemente condenamos abuso infantil: nunca foi nossa intenção inclui-lo na nossa narrativa. As duas campanhas, separadamente, em questão refletem uma série de erros graves pelas quais a Balenciaga assume responsabilidade.
A primeira campanha, ‘The Gift Collection Campaign’, traz crianças com bolsas de ursos de pelúcia vestidos em o que alguns rotularam trajes inspirados pelo BDSM. Nossas bolsas de ursos de pelúcia e a The Gift Collection não deveriam ter aparecido com crianças. Foi uma escolha errada da parte da Balenciaga, combinada a nossa falha em avaliar e validar imagens. A responsabilidade por isso é somente da Balenciaga.
A segunda campanha, separadamente, para a Primavera 2023, que deveria ter replicado um ambiente de escritório de trabalho, incluiu uma foto com uma página de fundo de uma decisão da Suprema Corte ‘United States v. Williams’ de 2008 que confirma como ilegal e não protegida pela liberdade de expressão a promoção de pornografia infantil. Todos os itens inclusos neste ensaio foram fornecidos por terceirizados que confirmaram, por escrito, que estes artifícios eram documentos falsos de escritório.
Eles acabaram sendo documentos judiciais reais, mais provavelmente vindos de filmagens de uma série de televisão. A inclusão destes documentos não aprovados foi o resultado de negligência irresponsável contra a qual a Balenciaga já registrou uma queixa. Nós nos responsabilizamos pela nossa falta de supervisão e controle dos documentos de fundo porque poderíamos ter feito as coisas de maneira diferente. Enquanto investigações internas e externas estão em andamento, nós tomamos as seguintes medidas:
Estamos revisando de perto nossa organização e nossas formas de trabalhar; Estamos reforçando as estruturas envolvidas nos nossos processos criativos e etapas de validação. Queremos garantir que novos controles marquem uma mudança de direção que previna que isso aconteça novamente; Estamos estabelecendo fundamentos com organizações que são especializadas em proteção de crianças e tenham como objetivo acabar com o abuso infantil e exploração.
Queremos aprender com nossos erros e identificar as formas com que podemos contribuir. A Balenciaga reitera suas sinceras desculpas pela ofensa que causamos e estende suas desculpas aos talentos e parceiros [envolvidos]”.