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#Vídeo: Menina que vende cremosinho e entrega mensagens bíblicas viraliza após receber doação de turista; “Fiquei sem reação”

O vídeo que viralizou foi gravado no fim de novembro pelo guia turístico Salatiel Batista Almeida, de 26 anos | FOTO: Montagem do JC |

Uma menina, de 11 anos, que vive em uma fazenda sem sinal de internet, em Pindorama do Tocantins, no interior do estado, viralizou nas redes sociais nos últimos dias e passou a mobilizar doações de vários lugares do país. No vídeo, que circula na web, Amanda Rodrigues aparece em uma estrada rural vendendo cremosinho. Ela entrega um versículo bíblico para um guia turístico e, ao final, é surpreendida ao receber uma doação em dinheiro enviada por um turista de outro estado.

“Eu nunca tinha ganhado tanto dinheiro, veio no momento que estávamos precisando e fiquei sem reação. Não sabia nem o que dizer, a gente sempre ora, não só quando está passando dificuldades. Mas a gente orou e falou para Deus mandar uma providência, porque estava difícil. Deus foi lá e entrou com providência e esse dinheiro serviu muito”, diz a menina em entrevista ao g1.

Amanda vive com os três irmãos, a mãe e o padrasto, em uma fazenda no município de Pindorama, a 15 km da Lagoa do Japonês, parada quase obrigatória para turistas que fazem a rota do Jalapão. No local, a água azul, da cor de uma pedra preciosa, chama a atenção pela beleza.

Na fazenda onde a família mora não pega sinal de telefone. Para conversar com a equipe do g1 eles tiveram que ir até a cidade.

O vídeo que viralizou foi gravado no fim de novembro pelo guia turístico Salatiel Batista Almeida, de 26 anos. Nas imagens, ele conversa com Amanda, pergunta o preço dos cremosinhos e diz que tinha ido levar um presente a ela. Em seguida, o guia entrega duas notas de R$ 50. A menina diz: “Obrigada, Jesus, obrigada”.

Salatiel entrega outras notas de R$ 100 e a menina fica sem reação. Ela lê o versículo bíblico: “Mas fiel é o Senhor que vos confortará e guardará do maligno” e, ao final, o guia se ajoelha e a menina ora por ele.

O dinheiro foi enviado por um turista de Recife, que se comoveu ao ver a menina vendendo cremosinhos e entregando mensagens sobre Deus às pessoas.

“Nós estávamos indo para a Lagoa do Japonês e paramos para comprar cremosinho. O turista chamado Douglas pagou para todo mundo que estava no carro. A Amanda fez a oração para ele e entregou o papelzinho com a mensagem. Eu vi que ele guardou, mas não falou mais nada. Ele terminou o passeio e dois dias depois me mandou uma mensagem falando que tinha um presente de Natal para Amanda”.

Quando Salatiel viu o valor também ficou impressionado. Era um pix de R$ 500. No outro dia, o guia passou pela estrada e resolveu entregar o dinheiro do jeito que ele gostaria de receber se fosse criança. O vídeo, a princípio, era apenas para mostrar a Douglas que o valor tinha sido entregue. Mas Salatiel resolveu postar no Instagram e a publicação viralizou.

Desempregados, a mãe Elisania Gonçalves Rodrigues Tavares, 35 anos, e o padrasto Albertino Tavares, de 42, afirmam que a doação veio em uma boa hora. É que a venda de cremosinhos, que estava a todo vapor, entre agosto e outubro, reduziu nesse fim de ano, provavelmente por causa das chuvas. A renda da família vem toda da venda dos cremosinhos, que custam R$ 3 a unidade.

“Nós choramos ao recebermos o dinheiro e agradecemos a Deus. Deus sempre manda na hora certa. Quando estamos no sufoco Ele vem e nos surpreende. As vendas tinham caído, a gente estava precisando de um dinheiro para ajudar nas coisas de casa. Temos as gêmeas e crianças dão despesa. A gente não tem condição de comprar de tudo”, diz a mãe.

A família usou o dinheiro para custear parte das despesas de casa e consertar o carro que estava parado com defeito.

Amanda famosa
O vídeo foi compartilhado por vários perfis de alcance nacional, no Instagram. Em uma das páginas onde foi postado já são mais de 3,5 milhões. Em outra, a publicação soma 822 mil visualizações. A princípio, a família não sabia que o vídeo tinha ido parar nas redes sociais e havia gerado tanta repercussão.

“Teve um dia que estávamos vendendo cremosinho e tem uma região que pega sinal. Minha mãe foi lá e viu em um grupo da igreja várias mensagens falando que eu estava na internet. Fomos até a cidade para ver. Eu não tenho rede social, não tenho celular. Fiquei impressionada, eles foram me explicando e eu achei bem legal”, afirma Amanda.

O perfil que postou também lançou uma vakinha para ajudar a família. A meta é arrecadar R$ 58 mil. Até agora, foram doados R$ 15.895,90.

Família improvisou uma cobertura para vender os geladinhos na beira da estrada em Pindorama do Tocantins — Foto: Divulgação

A família disse que vai usar o dinheiro para construir uma barraca e investir no negócio. Atualmente, eles improvisaram uma cobertura na beira da estrada, onde vendem cremosinhos, trufas e bolo no pote.

“Esse dinheiro vai mudar a nossa vida. O tanto que Deus achar que vai nos ajudar, vai ser bem-vindo. A gente vai fazer a barraca para vender as coisinhas porque lá só tem a cobertura, é na beira da estrada, quando chove molha tudo. A gente vai investir para fazer algo melhor para nós e para os clientes”, diz Elisania.

A repercussão do vídeo deixou a menina conhecida na região. Amanda está famosa. Por onde passa, os moradores falam com ela e tiram fotos.

“Ela chama atenção em todo o lugar, é uma criança muito alegre, por onde passa fala com as pessoas. A Amanda até agora está sem acreditar que ela está tão conhecida assim”, disse a mãe sorrindo.

Benditos cremosinhos
Recém-chegados ao Tocantins, a família tem passado por dias difíceis. Os cinco moravam em Goiás, mas se mudaram em julho deste ano, após o padrasto, que é trabalhador rural, perder o emprego.

“A gente veio para cá porque meu esposo é daqui do Tocantins, a gente resolveu vir para tocar a vida. Ele recebeu uma herança aqui. O pais estão de idade e dividiram a terra em vida. Ele ganhou um pedacinho de terra e viemos para investir nessa terrinha”, relatou Elisania.

O tempo foi passando e o dinheiro do seguro-desemprego acabou. Sem conseguir arrumar emprego, os pais tinham que encontrar uma saída para sustentar a família. Foi aí que Amanda teve uma ideia: vender cremosinhos para turistas na beira da estrada.

A venda começou em agosto. Amanda e a irmã mais velha, Érica Rodrigues, de 17 anos, foram até um quiosque próximo e pediram para vender os produtos lá. Elas ficaram por cerca de dois meses, até que a menina teve outra ideia.

“Um dia ela sentiu no coração de arrumar um lugar só para a gente, ela chegou e disse para vendermos na porta de casa. Lá tem um pé de pequi que dá uma sombra boa. Meu coração se abriu. Então começamos e Deus confirmou tudo”, relatou a mãe.

Além de cremosinhos, eles vendem trufas. A filha mais velha de Elisania, também começou a comercializar bolos no pote.

Os cremosinhos são feitos todos os dias à noite pela dona de casa. Ela aproveita as frutas da estação. “Aqui na fazenda tem cupuaçu, na época da fruta fazíamos muito desse sabor. Depois, foi a vez da cagaita, uma frutinha do cerrado, também fizemos muito. Agora, estamos aproveitando a época do buriti. Além desses, fazemos de açaí, leite condensado e abacate”.

Versículos, orações e lágrimas
De manhã, Amanda e a irmã Érica pegam as caixas de isopor e ficam na beira da estrada para vender os produtos. Junto com os alimentos, entregam versículos bíblicos escritos à mão em pequenos papéis. E para finalizar, oferecem orações.

“Eu sempre tive vontade de sair para evangelizar e quando a gente decidiu vender, Deus me tocou para eu e minha irmã, escrevermos versículos. Seria um modo de evangelizar. Quando começamos, escrevíamos ‘Jesus te ama’. Com o tempo, minha mãe falou para lermos a Bíblia e escrevermos os versículos. A gente começa de Gênesis, vai passando, lê tudo, até encontrar os versículos”.

Amanda conta que alguns turistas compram os cremosinhos, mas quando ela oferece a oração, eles dizem que estão com pressa, agradecem e seguem viagem. Outros param para receber a oração feita em voz alta por Amanda.

“Algumas pessoas agradecem, dizem que a oração veio no momento certo, que elas estavam precisando. Outras lêem o versículo e choram. Quando fazemos orações e abrimos os olhos, as pessoas estão enxugando as lágrimas. Acho muito bonito, me sinto feliz, porque estou sendo útil e canal de benção na vida das pessoas”, finaliza ela. Com informações do g1.

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