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#Vídeos: Sinuca, sonho e pesadelo em Sinop; a história de Maciel Bruno, vítima de bolsonaristas armados no próprio bar

Maciel Bruno de Andrade Costa foi vítima de bolsonaristas armados no próprio bar | FOTO: Arquivo Pessoal |

Uma das vítimas da chacina que ocorreu na última terça-feira (21), em Sinop (MT), é Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, o dono do bar onde aconteceu a barbárie. Ele foi morto, junto de outras 7 pessoas, por Edgar Ricardo de Oliveira e Ezequias Souza Ribeiro. Edgar e Ezequias haviam apostado com Maciel, o dono do bar, e Getúlio, outra vítima, cerca de R$ 4 mil em uma partida de sinuca.

Acontece que Maciel era um gênio do jogo e derrotou por duas vezes a dupla. Revoltados com a derrota, foram embora para em seguida retornarem armados com uma pistola e uma escopeta calibre 12, executando todos os 7 presentes e recolhendo o dinheiro recém perdido. O crime foi flagrado por câmeras de segurança do estabelecimento e as imagens chocaram o Brasil.

Ambos já tinham passagens na polícia por porte ilegal de arma, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal, ameaça e violência doméstica. Edgar entregou-se à polícia nesta quinta-feira (23) e Ezequias foi morto pela polícia militar em área de mata próxima a Sinop na última quarta (22).

Sinuca, sonho e pesadelo em Sinop: a história de Maciel
Nascido em Bacabal, no Maranhão, uma pequena cidade 250 quilômetros ao sul da capital São Luís, Maciel decidiu mudar para o Mato Grosso ainda aos 17 anos, onde buscava trabalho e ao longo dos anos tornou-se um exímio jogador de sinuca. O destino, Sinop, é uma cidade com um nome curioso. Trata-se de uma sigla para Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná.

Estabelecida no norte do Mato Grosso, em região onde o cerrado e a amazônia se encontram, Sinop é uma verdadeira colônia moderna e transformou a região em enorme campo de soja nas últimas décadas. Para Maciel, uma terra de oportunidades. Ele então conseguiu juntar dinheiro para abrir o seu bar, onde ficou conhecido pelo seu talento na sinuca. Frequentadores costumavam se aglomeravam no bar e para vê-lo em ação e em algumas ocasiões chegaram a transmitir jogadas difíceis de Maciel nas redes sociais.

Maciel Bruno era o filho mais velho do senhor Aulo Costa, que vive em Bacabal. O pai contou ao G1 que o filho era uma pessoa alegre e muito querida por irmãos e amigos. “Era muito obediente, carinhoso, brincalhão. Generoso demais”, relembra. “Na semana passada conversamos por telefone e programamos uma possível vinda dele aqui para Bacabal”, lamentou o pai, que é professor da rede de ensino do Maranhão e chegou a ocupar o cargo de secretário de Desportos e Lazer da cidade onde vive.

Costa explica que tem um filho de 10 anos, irmão de Maciel, e que ainda não teve coragem de lhe contar a totalidade dos fatos que transcorreram com o irmão. “Ele é muito emotivo, estou preparando a notícia aos poucos. Já disse que foi baleado e está internado, agora devo dizer que não resistiu aos ferimentos”, lamentou o pai. Em Sinop, Maciel construiu sua vida. Abriu um bar, tornou-se conhecido pela sinuca, fez amizades, casou-se e teve dois filhos: um menino e uma menina. Ele aproveitou as oportunidades de uma cidade que oferecia essa possibilidade.

No entanto, foi também em uma Sinop descrita como um verdadeiro “velho oeste”, e que junto com as oportunidades de negócios também apresenta um modo de vida truculento onde as coisas se resolvem na bala, Maciel cruzou o caminho, justamente fazendo o que mais lhe dava prazer, a sinuca, de Edgar e Ezequias, que o executaram no mesmo local onde tinha realizado seu sonho. Foi ali mesmo, na mesma cidade, não muito longe do bar, que seu corpo foi sepultado na manhã desta quinta-feira (23).

Assim como Maciel, outras duas vítimas também eram maranhenses. Uma delas era seu amigo, cliente e parceiro de sinuca, Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, de 36 anos. Também Larissa, filha de Getúlio de apenas 12 anos. O pai era de Centro Novo (MA) e também estava em Sinop em busca de oportunidades. Trabalhava de pedreiro. A filha, do município de Governador Nunes Freire (MA), tinha acabado de chegar a Sinop, onde iria estudar e morar com o pai. Redação com informações do G1.

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