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#Polêmica: Delação de hacker complica situação da deputada bolsonarista Carla Zambelli em caso de falsificação e fake news

A deputada Carla Zambelli é apontada em um esquema de ação hacker, conforme revelado pela delação de Walter Delgatti | FOTO: Montagem do JC |

À medida que informações sobre a delação de Walter Delgatti, o hacker de Araquarara, são divulgadas, a situação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), uma das mais radicais aliadas de Jair Bolsonaro (PL) se complica. Fontes da Polícia Federal revelaram a Octavio Guedes e Andréia Sadi, da TV Globo, que Delgatti responsabilizou a deputada pelo deboche a Alexandre de Moraes em uma ação hacker encomendada a ele: um falso mandado de prisão contra o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Delgatti diz ter recebido o texto do suposto mandado, que foi inserido por ele no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça. O documento fake, com o texto enviado por Zambelli, determinava a prisão de Moraes e era assinado pelo próprio ministro. Ao final, antes da assinatura em vez do tradicional “publique-se e intime-se” está escrito “publique-se, intime-se e faz o L. Assinado: Alexandre de Moraes”.

Segundo Delgatti, o “faz o L” foi uma ideia de Zambelli. Ele só teria recebido o texto e feito algumas correções gramaticais. À PF, Delgatti afirmou que a falsa ordem de prisão para Alexandre de Moraes era uma ideia para compensar Carla Zambelli, que queria alguma coisa para atacar o ministro e revelar suposta fragilidade da Justiça brasileira.

A deputada Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti registram foto de encontro. | FOTO: Reprodução |

Em troca da liberdade
Para obter a sua soltura, Walter Delgatti, que estava preso por violar determinações judiciais, disse em depoimento à PF que a deputada federal Carla Zambelli lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas e que, caso não conseguisse, que tentasse invadir o e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes.

No depoimento à PF, Walter Delgatti também teria revelado que o pedido de Carla Zambelli foi feito em setembro de 2022 durante um encontro dos dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. Na época, já estava em curso a disputa e a campanha eleitoral. Walter Delgatti admitiu à PF que não conseguiu invadir o sistema da urna eletrônica nem o celular do ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaristas estão em pânico
A soltura deixou setores do bolsonarismo apavorados devido a possíveis delações que o especialista em computação possa vir a fazer. Entre os prováveis alvos está a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), de quem Delgatti cuidou das redes sociais e de campanhas de financiamento por pix durante as últimas eleições.

O principal temor é de que ele faça uma delação a respeito do envolvimento de Zambelli no episódio em que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) teve seu sistema digital invadido por hackers. O que mais assusta Zambelli e o setor do bolsonarismo próximo dela é justamente o desconhecimento a respeito do que Delgatti possa vir a falar. A própria deputada declarou à imprensa que não sabe o teor de uma possível delação do hacker sobre o episódio.

Na referida invasão, em 19 de janeiro deste ano, foram alterados dados do Banco Nacional de Mandados de Prisão do CNJ, inserindo um falso mandado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Xandão”, como foi alcunhado pelos bolsonaristas, é um dos principais alvos da extrema-direita no Poder Judiciário.

Com a soltura, Delgatti terá de usar tornozeleira eletrônica e apresentar relatórios mensais completos, por e-mail, ao delegado responsável pelo caso, sobre suas atividades na internet. Além disso, também terá de atualizar seu endereço residencial para a Justiça e terá de avisar a polícia caso precise sair do estado de São Paulo por mais de 48 horas. Uma eventual delação ainda não foi confirmada, mas possibilidade existe.

Carla Zambelli e o ex-presidente Jair Bolsonaro | FOTO: Reprodução |

De algoz da Lava Jato aos braços de Zambelli e Bolsonaro
Em um primeiro momento, ainda antes de ter sua identidade revelada, mostrou ao Brasil as relações completamente irregulares entre o então juiz Sergio Moro, o então procurador – hoje ex-deputado cassado – Deltan Dallagnol, e outros membros da operação Lava Jato. As revelações primeiro tiveram o The Intercept na dianteira que, em seguida, incluiu um conjunto de meios de comunicação numa força-tarefa para analisar e publicar os conteúdos. À sério foi dado o nome Vaza Jato.

O resultado disso, ao longo do tempo, foi o fato de Moro ter sido declarado suspeito e seus processos da Lava Jato anulados, o que permitiu ao presidente Lula (PT) concorrer nas últimas eleições. Até aí, Delgatti era uma figura querida, e quase que folclórica, para o campo democrático.

Foi justamente quando começava oficialmente a campanha eleitoral do ano passado, mais precisamente em agosto de 2022, que Delgatti se aproximou do campo bolsonarista. A campanha de Bolsonaro, guiada pelas paranoias conspiratórias do então presidente, procurou Delgatti para saber o que pensava sobre a segurança das urnas eletrônicas. Entre as pessoas com quem Delgatti esteve está Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL. Ele dizia que tinha condições de hackear o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), aliada de Bolsonaro, também confirmou ter se encontrado com o hacker. Fizemos um levantamento a partir dos arquivos recentes da Revista Fórum a fim de recordar os episódios que explicam essa relação entre Zambelli, Bolsonaro e o ‘hacker de Araraquara’. As informações são da Revista Fórum.

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