Ícone do site Jornal da Chapada

#Bahia: Apenados da Lemos de Brito escrevem livro e arte literária amplia sonhos de liberdade

O detento C.M.S, 55 anos, é um dos autores do livro 'Porque quem lê escreve' e fala do impacto da escrita e da leitura em sua vida | FOTO: Divulgação |

Um dos caminhos para preparar os internos do sistema carcerário para a sua reinserção na vida em sociedade, após o cumprimento da pena, é o investimento em sua formação educacional. Na Bahia, essa prática vem abrindo portas e permitindo, por meio da leitura e da escrita, uma nova perspectiva para a vida fora do cárcere. Graças ao acesso à modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), ofertado pela Secretaria Estadual da Educação (SEC), no Colégio Estadual Professor George Fragoso Modesto, que funciona dentro Penitenciária Lemos Brito (PLB), um grupo de 15 detentos acaba de lançar o livro “Porque quem lê escreve”, sobre os encontros e desencontros de cada um deles, hoje custodiados.

Os textos foram produzidos nas Oficinas de Escrita Literária ministradas pelo editor Alex Giostri na (PLB) e fazem parte do Projeto Virando a Página – Remição de Pena pela Leitura, da Corregedoria do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) e a SEC. O incentivo ao hábito de ler tem sido considerado pelo poder público como um dos meios alternativos para a ressocialização.

“O processo educacional é um dos pilares que possibilitam a reintegração social para os custodiados. A produção deste livro, por exemplo, é o resultado do trabalho desenvolvido em sala de aula, durante todo o ano letivo”, explica o vice-diretor do Colégio Estadual Professor George Fragoso Modesto, José Antônio Souza Matos.

Além de possibilitar o aprendizado, para muitos internos, a iniciativa ainda reforça o conhecimento para os que já iniciaram ou estão concluindo o ciclo de estudos e permite ainda a remissão da pena. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cada obra lida corresponde à remição de quatro dias de pena, limitando-se, no prazo de 12 meses, a até 12 obras efetivamente lidas e avaliadas, com a possibilidade de remir até 48 dias, que é o teto anual.

O detento C.M.S, 55 anos, é um dos autores do livro “Porque quem lê escreve” e fala do impacto da escrita e da leitura em sua vida. “Nunca imaginei que logo dentro do presídio fosse participar de algo tão importante para a minha vida. Estou aprendendo coisas que não sabia antes. Me sinto outra pessoa. Mudei completamente e pretendo, quando estiver lá fora, fazer uma faculdade. Com o estudo, a pessoa para de pensar em coisa ruim”, revela.

Os textos foram produzidos nas Oficinas de Escrita Literária ministradas pelo editor Alex Giostri | FOTO: Divulgação |

Para seu colega, L.A.S.F, 39 anos, o livro foi uma oportunidade de contar a sua história e expressar o que está dentro de cada um, neste momento da vida. “A divulgação será uma oportunidade de as pessoas conhecerem melhor tudo que se passa na vida de um detento. Com a escola, temos a chance de sair daqui diferentes, aprendendo o que é a humanidade”, declara.

Mais benefícios
Dentre os benefícios proporcionados pela prática da leitura no ambiente prisional, está ainda o resgate da autoestima dos apenados, como destaca a professora Katia Mathéo, do Tempo Formativo 1.

“É importante frisar que o contato com a leitura e a escrita para esses alunos proporciona uma transformação, inclusive na autoestima deles, que se enchem de esperança para se reintegrarem na sociedade. É preciso entender a realidade dessas pessoas e seus esforços para alcançarem a liberdade e não serem reincidentes. A sociedade precisa compreender também o seu papel e dar novas oportunidades aos egressos”, ressalta Kátia Mathéo. As informações são de assessoria.

Leia também

#Salvador: Seis casais de internos da Penitenciária Lemos de Brito se unem em casamento coletivo

Sair da versão mobile