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#Economia: Plano industrial preocupa mercado, e dólar se aproxima dos R$ 5

Após o governo anunciar o pacote, o dólar acelerou a alta ante o real nesta segunda-feira (22) | FOTO: Marcello Casal Jr./Agência Brasil |

O mercado financeiro não reagiu bem ao plano do governo de Lula para impulsionar a indústria do país nos próximos dez anos. Serão R$ 300 bilhões via linhas de crédito, subsídios e exigências de conteúdo local, administrados em maior parte pelo BNDES, para fomentar empresas nacionais –políticas já empregadas em gestões anteriores do PT e que se tornaram alvo de críticas de economistas.

Após o governo anunciar o pacote, o dólar acelerou a alta ante o real nesta segunda-feira (22), e fechou com ganhos de 1,20%, a R$ 4,9866. Já a Bolsa brasileira, que começou o pregão estável, cedia 0,93%, a 126.448 pontos, às 17h04, na última hora de pregão.

“Isso traz uma preocupação com relação ao fiscal, é uma questão crônica das contas públicas. Um plano de financiamento de R$ 300 bilhões gera uma incerteza muito grande no curto prazo”, diz Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.

Segundo o economista, há também uma preocupação com o impacto do fomento na inflação brasileira, o que poderia impactar o ciclo de redução da Selic.

“O anúncio reforça as preocupações com o equilíbrio fiscal e mostra que o governo está disposto a gastar para sustentar o crescimento da economia”, diz Thiago Pedroso, responsável pela mesa de renda variável da Criteria.

Em reflexo, os juros futuros brasileiros também subiram. No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,085%, ante 10,12% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,805%, ante 9,768% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,985%, ante 9,901%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,24%, ante 10,155%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,65%, ante 10,57%.

“Há forte incerteza fiscal com relação à fonte de financiamento deste programa de governo, além das prováveis distorções futuras promovidas nos mercados afetados pela política industrial. A nova proposta parece uma reconfiguração da política falha dos ‘Campeões Nacionais’ feita no Governo Dilma, onde o favorecimento de determinadas empresas no passado reverberou em dinâmicas inflacionárias insustentáveis”, afirma Yuri Alves, economista da Guide Investimentos.

Investidores também operam à espera da decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu), desta quinta-feira (25), e da divulgação de dados econômicos nos Estados Unidos antes da reunião do Fed (BC americano), no fim do mês. O principal deles é a inflação de dezembro, que sai nesta sexta (26).

Em meio a dados recentes mostrando uma economia americana robusta, agentes financeiros têm ajustados apostas sobre o começo e o tamanho de um bastante aguardado ciclo de cortes de juros pelo Fed. Muitos já avaliam que uma redução em março pode ser uma aposta muito otimista.

Há uma semana, 77% das apostas segundo a plataforma CME eram de um corte de 0,25 ponto percentual em março. Agora, elas são minoria, somando 40,5%.

Os investidores agora esperam que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) faça cortes de 1,4 ponto percentual nos juros neste ano, abaixo do 1,65 ponto estimado na semana anterior. Eles também veem uma chance de aproximadamente 54% de que o primeiro corte ocorra em março, em comparação com 77% uma semana atrás.

O economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, escreveu em relatório a clientes que a política monetária do Fed é “muito dependente dos dados e, desta forma, gera grande volatilidade nos preços dos ativos financeiros” conforme novas informações são divulgadas.

Isso tem afetado particularmente mercados emergentes, como o Brasil, que tendem a se beneficiar de perspectivas de juros mais baixos em economias como os Estados Unidos. Até a quinta (18), o índice MSCI para mercado emergentes acumulava uma queda de mais de 6% no mês.

Em Wall Street, os principais índices acionários sobem nesta segunda. O S&P 500 tem alta de 0,30%, o Dow Jones, de 0,31%, e o Nasdaq, de 0,36%.

Na sexta (19), o dólar à vista teve variação negativa de 0,08%, praticamente estável cotado a R$ 4,927, acumulando valorização semanal de 1,47%.

Já a Bolsa brasileira fechou em alta de 0,25% na sexta, aos 127.637 pontos, em dia de ajustes após três quedas consecutivas do Ibovespa. Na semana, porém, o Ibovespa queda de 2,55%, impactada pela redução de otimismo sobre a queda dos juros americanos, que afastou investidores estrangeiros. As informações são do site Classe Política.

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