Um veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) foi encontrado com ferimentos graves no último sábado (23) por moradores do Vale do Capão, em Palmeiras. O animal apresentava múltiplas lesões compatíveis com ataque de cães e precisou ser resgatado por voluntários e profissionais de saúde animal em uma operação emergencial.
Resgate mobiliza brigadistas e profissionais de saúde animal
A ação contou com o apoio da Brigada Voluntária do Vale do Capão (BV-VC), da Cippa Lençóis e de veterinários da Clínica Pet do Vale. A equipe realizou os primeiros socorros no local, garantindo a estabilização do animal. “Identificamos traumas extensos, principalmente na região traseira, indicando possível ataque por cães. O quadro clínico inicial era grave”, relata o veterinário Dr. Gildásio Fernandes, que atua como anestesista e cardiologista em Centros de Triagem de Animais Silvestres e diversas clínicas na capital e interior do estado.
Após o resgate, o cervídeo foi encaminhado à clínica, onde recebeu monitoramento, fluidoterapia e limpeza das feridas. A responsável técnica, Dra. Morgana Andrade, destacou que a rapidez foi fundamental: “A importância da agilidade no atendimento aumenta as chances de sobrevivência do animal”.
As imagens feitas no momento do atendimento evidenciam a seriedade dos ferimentos e, ao mesmo tempo, a atenção minuciosa da equipe responsável pelo resgate. Elas traduzem a dimensão do esforço aplicado para estabilizar o animal e ressaltam a importância da ação rápida diante da delicadeza da situação.
Encaminhamento ao Cetas e preocupação com novos casos
Com o suporte da Cippa Lençóis, o veado foi transferido para o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), em Cruz das Almas, onde será submetido a tratamento especializado para reabilitação e possível reintegração à natureza. O Cetas é referência no acolhimento de animais silvestres resgatados na Bahia, oferecendo suporte técnico até a recuperação completa.
A operação reforçou o papel da união entre comunidade, brigadistas e especialistas na preservação da fauna. “Proteger a vida silvestre é proteger o nosso ecossistema. Esse resgate só foi possível graças ao esforço coletivo”, destaca um membro da Brigada Voluntária do Vale do Capão.
Entretanto, esse não é um caso isolado. “Infelizmente, ataques a animais silvestres, a outros pets e até aos moradores têm acontecido com frequência e vêm aumentando no Vale do Capão. No último mês foram registrados três episódios”, informa a Dra. Morgana Andrade.
O tema também se conecta às discussões da Campanha Ambiental, iniciada no dia 29 de março pela comunidade local, que busca diálogo com a gestão municipal sobre o desenvolvimento desordenado da região após a obra de pavimentação asfáltica.
“A criação de animais domésticos que não são parte da natureza da região, dentro da zona de amortecimento do PNCD, tem ampliado o extermínio da fauna local. Com o crescimento populacional desenfreado, essa população de pets também tem aumentado. E a ausência de leis e fiscalização que estabeleçam o mínimo de ordem a fim de ter um controle da situação só evidenciam o descaso das gestões políticas do município a respeito desse assunto”, afirma um membro da Campanha Ambiental. Jornal da Chapada com informações do portal Vale do Capão.

