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#Educação: Sete em cada dez alunos do ensino médio usam IA generativa para pesquisas escolares

Acesso à internet avança em escolas rurais | FOTO: FreePik |

Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio que utilizam a internet recorrem a ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como ChatGPT e Gemini, para realizar pesquisas escolares. Apesar da ampla adesão, apenas 32% desses alunos receberam orientação nas escolas sobre como usar a tecnologia de forma segura e responsável.

Os dados são da 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada nesta segunda-feira (16) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O levantamento ouviu mais de 7,4 mil alunos, além de professores, gestores e coordenadores de escolas públicas e privadas de todo o país, entre agosto de 2023 e março de 2024.

Segundo o estudo, o uso de IA varia conforme o nível de ensino. Entre estudantes dos anos finais do ensino fundamental, 39% utilizam essas ferramentas, enquanto, no ensino médio, o percentual chega a 70%.

Daniela Costa, coordenadora da pesquisa, destacou que a popularização dessas tecnologias exige mudanças na forma como as escolas orientam os estudantes.
“Essas práticas trazem novas demandas para as instituições, que precisam trabalhar com temas como integridade da informação, autoria e avaliação de fontes”, explicou.

Ela ressaltou que, sem a devida orientação, os alunos podem se limitar a aceitar respostas prontas sem desenvolver estratégias próprias de aprendizado.

Regras e debates nas escolas

O levantamento mostra que 68% dos gestores escolares já realizaram reuniões com professores e funcionários sobre o uso de tecnologias digitais, e 60% discutiram o tema com pais e responsáveis. Embora a pauta principal ainda seja o uso de celulares, 40% das instituições também abordaram regras para o uso de ferramentas de IA por alunos e professores.

A pesquisa foi realizada no mesmo período em que entrou em vigor a Lei 15.100, que restringe o uso de dispositivos móveis nas escolas. Em 2024, a proporção de instituições que proíbem o uso de celulares subiu de 28% para 39%, enquanto as que permitem o uso em horários e espaços específicos caíram de 64% para 56%.

Conectividade e desigualdade digital

O estudo aponta que 96% das escolas brasileiras já possuem acesso à internet. Nas instituições municipais, o índice subiu de 71% em 2020 para 94% em 2024. Em áreas rurais, o acesso passou de 52% para 89% no mesmo período.

Apesar do avanço, persistem desigualdades no uso da tecnologia. Enquanto 67% dos alunos de escolas estaduais usam a internet para atividades pedagógicas, na rede municipal esse número cai para 27%. Outro desafio é a disponibilidade de equipamentos: apenas 51% das escolas municipais têm computadores para uso educacional e 47% contam com dispositivos conectados para os alunos.

Formação de professores em queda

A pesquisa revelou também que diminuiu a participação de professores em cursos voltados para o uso de tecnologias digitais. Em 2021, 65% dos docentes haviam participado de formações; em 2024, o índice caiu para 54%. Entre professores da rede municipal, a queda foi mais acentuada, passando de 62% para 43%.

Para Daniela Costa, a formação docente é essencial diante das transformações tecnológicas. “Ela permite que os professores orientem os alunos para um uso seguro, crítico e criativo das tecnologias digitais”, afirmou. O estudo mostrou que 67% dos professores que participaram de capacitações se sentiram mais preparados para guiar os estudantes no uso dessas ferramentas.

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