Ícone do site Jornal da Chapada

#Economia: Trabalho por aplicativos cresce 170% em 10 anos e muda mercado de trabalho no Brasil

Crescimento expressivo do trabalho por aplicativos no Brasil | FOTO: Fernando Frazão/Agência Brasil |

O número de trabalhadores por aplicativos de transporte e entrega aumentou 170% entre 2015 e 2025, passando de cerca de 770 mil para 2,1 milhões de pessoas, segundo levantamento divulgado pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira (25). No mesmo período, a população ocupada no país cresceu apenas 10%.

De acordo com o relatório de Política Monetária do terceiro trimestre de 2025, o crescimento do trabalho mediado por plataformas digitais contribuiu para a expansão da força de trabalho e da ocupação, reduzindo a taxa de desemprego de forma significativa.

O BC analisou cenários hipotéticos sem a presença de aplicativos e concluiu que, sem eles, a taxa de desocupação poderia ser até 1,2 ponto percentual maior, chegando a 5,5%. A análise indica que grande parte dos trabalhadores por aplicativos estava fora do mercado de trabalho antes de ingressar nas plataformas, ou seja, essas vagas criaram oportunidades para pessoas que, de outra forma, poderiam permanecer desempregadas ou fora da força de trabalho.

O impacto econômico do setor também começou a ser medido. Desde 2020, o transporte por aplicativos integra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto de 2025, seu peso no índice foi de 0,3%, comparado a 0,6% das passagens aéreas.

Precarização do trabalho

Apesar do efeito positivo sobre a ocupação, o trabalho por aplicativos apresenta condições precárias. Estudos do Fairwork Brasil e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que os principais aplicativos não oferecem remuneração justa nem condições adequadas de trabalho.

Dados do Ipea apontam que, entre 2012 e 2015, os motoristas autônomos de transporte de passageiros eram cerca de 400 mil, com renda média de R$ 3,1 mil. Em 2022, com aproximadamente 1 milhão de trabalhadores, o rendimento médio caiu para R$ 2,4 mil, enquanto a proporção de jornadas semanais entre 49 e 60 horas subiu de 21,8% para 27,3%. A contribuição previdenciária também recuou de 47,8% em 2015 para 24,8% em 2022.

Segundo o BC, o crescimento dos aplicativos representa uma mudança estrutural no mercado de trabalho brasileiro, promovendo maior participação e ocupação, mas também evidenciando a necessidade de políticas que minimizem a precarização desses empregos.

Jornal da Chapada

Sair da versão mobile