Pesquisadores conseguiram, após anos de tentativas, reconstruir digitalmente um crânio humano de aproximadamente um milhão de anos, encontrado na província de Hubei, na China, em 1990. O fóssil, batizado de Yunxian 2, pode ter pertencido a um parente próximo aos misteriosos Denisovanos, grupo humano extinto há cerca de 30 mil anos.
Os resultados da pesquisa foram publicados na última quinta-feira (25) na revista científica Science. A análise indica que os Homo sapiens conviveram com outros grupos humanos por mais tempo do que se imaginava.
Por muito tempo, acreditava-se que o crânio era de um Homo erectus, espécie considerada ancestral direto do ser humano moderno. No entanto, a nova reconstrução revelou características mais próximas ao Homo longi, conhecido como “Homem-Dragão”, descoberto na China em 2021. Essa linhagem pertence ao mesmo clado dos Denisovanos.
O crânio estava deformado e esmagado, o que obrigou os cientistas a recorrerem à tomografia computadorizada (TC) para restaurar sua forma. A análise identificou uma grande capacidade craniana, osso frontal longo e baixo, além de olhos mais próximos, características típicas do clado Homo longi.
“Esse clado durou mais de um milhão de anos. O mesmo ocorreu com as linhagens dos Neandertais e dos Homo sapiens”, explicou Chris Stringer, paleoantropólogo do Museu de História Natural de Londres e coautor do estudo.
Impacto na linha do tempo da evolução humana
Com base em análises estatísticas de 57 crânios fósseis, os cientistas estimaram que os principais grupos humanos se separaram de um ancestral comum em períodos próximos:
Neandertais: há cerca de 1,38 milhão de anos;
Homo longi: aproximadamente 1,2 milhão de anos;
Homo sapiens: por volta de 1,02 milhão de anos.
Esse intervalo relativamente curto sugere que várias linhagens humanas coexistiram e evoluíram quase ao mesmo tempo.
Segundo o paleoantropólogo Xijun Ni, da Academia Chinesa de Ciências, as populações eram pequenas e isoladas, adaptando-se a diferentes ambientes e enfrentando mudanças climáticas severas, que teriam provocado adaptações rápidas e até extinções.
Os pesquisadores afirmam que novos estudos serão necessários para confirmar a real origem do crânio e determinar como ele pode alterar a compreensão da história evolutiva da humanidade.
Jornal da Chapada

