As mulheres continuam a enfrentar desigualdade no mercado de trabalho brasileiro, mesmo sendo mais instruídas que os homens. O módulo sobre Trabalho e Rendimento do Censo 2022, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 62,9% dos homens com mais de 14 anos estavam ocupados, enquanto entre as mulheres a taxa era de 44,9%.
Com isso, embora representem 52% da população geral, as mulheres correspondiam a apenas 43,6% da força de trabalho em 2022.
A presença feminina é predominante apenas em três dos dez grandes grupos ocupacionais: profissionais das ciências e intelectuais, trabalhadores de apoio administrativo e trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados. Por outro lado, a menor participação foi registrada entre operadores de máquinas, montadores e integrantes das forças armadas, policiais e bombeiros militares.
No recorte por atividades, as mulheres são ampla maioria nos serviços domésticos (93,1%), na saúde humana e serviços sociais e na educação, onde representam mais de 70% dos trabalhadores.
Diferença salarial
A desigualdade também se reflete nos rendimentos. Enquanto os homens recebiam, em média, R$ 3.115 por mês, as mulheres tinham renda média de R$ 2.506 — uma diferença de R$ 609. O abismo cresce conforme o grau de instrução: entre pessoas com ensino superior completo, a média masculina era de R$ 7.347, enquanto a feminina ficava em R$ 4.591, cerca de 60% do valor.
Mesmo assim, as mulheres apresentaram maior nível educacional: 28,9% das trabalhadoras possuíam ensino superior completo, contra 17,3% dos homens.
Desigualdade racial
O IBGE também apontou disparidades salariais entre grupos raciais. A menor renda média foi registrada entre os trabalhadores indígenas (R$ 1.653), seguidos pelos pretos (R$ 2.061). Já os trabalhadores de cor ou raça amarela recebiam R$ 5.942, e os brancos, R$ 3.659.
De forma geral, pretos, pardos e indígenas têm rendimentos inferiores não apenas em relação a brancos e amarelos, mas também à média nacional, independentemente do nível de instrução. Entre os trabalhadores com ensino superior completo, indígenas recebiam menos da metade do valor pago às pessoas amarelas (R$ 3.799 contra R$ 8.411). A diferença entre pretos e brancos também é expressiva: R$ 4.175 ante R$ 6.547.
Educação e oportunidades
O grau de instrução também revelou discrepâncias entre grupos raciais. Entre brancos e amarelos, o percentual de pessoas com ensino superior ultrapassa o de trabalhadores sem instrução ou com ensino fundamental incompleto. Já entre pretos, pardos e indígenas ocorre o contrário.
No caso dos indígenas, 34,7% não completaram sequer o ensino fundamental, enquanto apenas 12,4% concluíram o ensino superior. O dado reforça a desigualdade de acesso à educação e à qualificação profissional no país.
Jornal da Chapada

