Rodeado por vales, serras e formações rochosas que parecem esculpidas à mão, o vilarejo de Igatu, distrito de Andaraí, na Chapada Diamantina, se firma como um dos destinos mais fascinantes da Bahia. Conhecida como a ‘Machu Picchu brasileira’, a vila de pedra atrai turistas de todo o mundo com suas paisagens cênicas, seu charme rústico e uma atmosfera que mistura memória, arte e natureza.
Tesouro histórico entre ruínas e montanhas
Fundada no século 19, Igatu prosperou durante o ciclo do diamante. Milhares de garimpeiros chegaram à região em busca de fortuna, ergueram casas de pedra e transformaram o vilarejo em um vibrante polo de mineração. Com o declínio do garimpo, no século seguinte, a população migrou em massa, deixando para trás um cenário de ruínas que hoje compõe uma das paisagens mais emblemáticas da Chapada Diamantina.
Essas ruínas, tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), são o principal atrativo de Igatu. Caminhar por suas ladeiras de pedra é como voltar no tempo: o visitante encontra antigos casarões, um cemitério de pedra e a imponente Igreja de São Sebastião, que resistem como testemunhas silenciosas de um passado de riqueza e trabalho.
História e cultura mantidas pela comunidade
A cerca de 433 quilômetros de Salvador, o vilarejo preserva com orgulho sua história e tradições. No bairro de Luís dos Santos, as construções chamam atenção pela técnica e solidez, revelando a engenhosidade dos antigos moradores.
O cronista local Amarildo dos Santos, filho do dono do tradicional Bar Igatu, é um dos guardiões dessa memória. Ele mantém por conta própria um censo atualizado da população, registrando nascimentos, falecimentos e mudanças. Esses dados se transformam em livros, vendidos por ele mesmo, que contam a história de cada família e de cada pedra do lugar.
Enquanto o último levantamento do IBGE, em 2022, apontava 360 moradores, Amarildo calcula que hoje a vila tenha cerca de 480 habitantes. O crescimento é discreto, mas sinaliza o interesse crescente de quem busca viver em um destino onde o tempo parece correr devagar.
Turismo e a preservação
O desafio atual de Igatu é encontrar um equilíbrio entre o turismo crescente e a preservação de sua estética única e histórica. A vila atrai visitantes de todo o mundo interessados em trilhas, fotografia, arte, gastronomia e experiências culturais, mas precisa conciliar esse fluxo com a manutenção de suas construções centenárias, ruas de pedra e o charme rústico que define sua identidade. Jornal da Chapada com informações do portal A Tarde.

