No coração da Chapada Diamantina, onde as serras se encontram com o sertão, a escrita nasce do cotidiano, das histórias e da fé que permeiam o povo baiano. O pousadeiro e cronista Sandro Dias, proprietário da Pousada Caminhos da Chapada, enviou uma carta de apresentação propondo uma colaboração literária com o Jornal da Chapada sobre crônicas que retratem a vida, o turismo e a cultura local.
Em seu texto, datado de 15 de outubro de 2025, Sandro se apresenta como um amante da identidade cultural da Chapada e defende a importância de promover o turismo consciente e o respeito à cultura regional.
“Minhas crônicas têm como propósito valorizar a identidade cultural da Chapada, provocar reflexões sobre o desenvolvimento turístico sustentável e compartilhar, com leveza e sensibilidade, os encontros e causos que fazem parte da vida por aqui”, escreveu.
O autor ressalta que está aberto a sugestões de formato, periodicidade e temas, e acredita que suas crônicas podem dialogar tanto com leitores locais quanto com visitantes, fortalecendo o vínculo com o território e com a essência sertaneja que marca a Chapada Diamantina.
Entre as propostas de textos, Sandro anexou a crônica “Se Deus é Brasileiro, as Santas são Baianas”, uma homenagem à fé e às mulheres baianas que se tornaram símbolos de caridade e devoção: Irmã Dulce e Maria Milza, a “Maezinha”.
Na crônica, ele traça um paralelo poético entre as duas figuras: Irmã Dulce, canonizada em Roma e reconhecida mundialmente por sua obra social em Salvador; e Maria Milza, a educadora e missionária nascida em Itaberaba, cujo processo de beatificação foi reconhecido pelo Vaticano em fevereiro de 2025.
“Ambas baianas. Ambas santas. Uma canonizada, outra em caminho de beatificação. Duas mulheres que fizeram da caridade um milagre cotidiano”, descreve o autor.
Com linguagem simples e poética, Sandro mostra que, na Bahia, a santidade está nas pequenas ações — nas mãos que ajudam, nas panelas que alimentam e nas orações que curam.
“Na Bahia, a santidade não se veste só de batina. Ela anda descalça, cozinha para os vizinhos, ensina com cartilha e reza com o coração”, conclui.
Mais do que um convite literário, a proposta de Sandro representa o desejo de manter viva a tradição oral e espiritual da Chapada Diamantina, transformando a escrita em uma ponte entre a fé, a natureza e a cultura do povo sertanejo.
Jornal da Chapada

