Em julho de 2024, uma rara baleia-dente-de-pá foi encontrada encalhada na praia de Taieri Mouth, uma vila pesqueira na Ilha Sul da Nova Zelândia. O achado chamou atenção pela raridade: desde o século 19, apenas sete indivíduos dessa espécie haviam sido identificados.
O espécime, um macho de aproximadamente cinco metros de comprimento, foi submetido a uma dissecação científica. O procedimento, realizado com a colaboração de membros da tribo Maori, representou a primeira oportunidade para pesquisadores estudarem um exemplar completo e em bom estado de conservação.
Até hoje, nenhum indivíduo dessa espécie foi observado vivo em seu habitat natural, no oceano. A análise revelou características anatômicas peculiares: dentes vestigiais no maxilar superior, semelhantes aos dentes do siso em humanos, e um sistema digestivo complexo, com nove câmaras estomacais.
Durante a dissecação, os cientistas encontraram restos de lula, vermes parasitas e outros organismos ainda não identificados. “Pesos, medidas e descrições de vários músculos e órgãos foram coletados para nos ajudar a descrever esta espécie e fazer comparações com espécies relacionadas”, afirmou Anton van Helden, consultor de ciências marinhas do Departamento de Conservação da Nova Zelândia.
Também chamada de baleia-de-bico-de-Travers, essa é considerada a baleia mais rara do mundo. As informações conhecidas sobre ela são escassas e vieram, principalmente, de ossos isolados encontrados ao longo de quase dois séculos. O primeiro fragmento, um pedaço de mandíbula, foi descrito em 1872, na Nova Zelândia. Posteriormente, outros ossos surgiram no Chile e em ilhas do Pacífico.
Até 2010, menos de dez indivíduos haviam sido documentados — todos mortos, encalhados ou descobertos em fragmentos.
Essa baleia pertence ao gênero Mesoplodon, grupo das chamadas baleias-bicudas (ou baleias-de-bico), conhecidas por viverem em profundidades extremas. Elas medem entre cinco e seis metros de comprimento e possuem corpo hidrodinâmico, adaptado para mergulhos profundos.
Como outras baleias-bicudas, presume-se que a baleia-dente-de-pá mergulhe a grandes profundidades para caçar lulas e outros animais de corpo mole. A espécie é classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como “Dados Insuficientes (DD)”, pois não há informações sobre população, área de ocorrência ou ameaças diretas. As informações são do site O Povo.