O sonho de ser médico quase foi interrompido para o jovem Heberth Vinícius Santana, de 21 anos. Em dezembro de 2023, dias após fazer o Enem, ele sofreu um grave acidente durante uma tentativa de assalto em São Paulo. O carro em que estava com o tio capotou várias vezes, e Heberth, natural do Recife, ficou paraplégico após sofrer traumatismo craniano e lesões na coluna.
Foram 15 dias em coma e um longo processo de recuperação. Quando despertou, Heberth recebeu duas notícias que mudaram sua vida: a de que não voltaria a andar — e a de que havia sido aprovado em Medicina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“Minha mãe ficou com medo de me contar, porque eu tinha acabado de descobrir que estava paraplégico. Mas ela me disse que eu tinha passado em Medicina, e aquilo me deu força para continuar”, relatou o jovem ao g1.
Heberth conseguiu segurar sua vaga por quase dois anos, período em que passou por fisioterapia e cirurgias em São Paulo. A UFPE abriu uma exceção e manteve o trancamento do curso até sua recuperação. Em setembro deste ano, ele finalmente começou as aulas do primeiro período.
Agora, o estudante usa as redes sociais para denunciar as dificuldades de acessibilidade no campus. Em vídeos, mostra banheiros sem estrutura adequada, falta de rampas e elevadores quebrados no Centro de Ciências da Saúde (CCS).
A mobilização de Heberth ganhou força entre os colegas, que decidiram suspender as aulas práticas de anatomia até que o acesso seja garantido. “Achei que iam se irritar comigo, mas aconteceu o contrário. A turma abraçou a causa e passou a cobrar por acessibilidade”, disse.
Em nota, a UFPE afirmou que já realizou adaptações nos banheiros e está aguardando peças para consertar o elevador do CCS. Outras melhorias estão em planejamento.
Enquanto aguarda as mudanças, Heberth segue determinado: “Meu sonho é ser médico. E quero que, quando eu estiver atendendo, ninguém precise lutar por acessibilidade como eu precisei.”
Jornal da Chapada

